São Paulo, sexta, 6 de março de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Túnel fica fechado 10 minutos por precaução

da Reportagem Local

Sem um diagnóstico que indique as causas do alagamento, anteontem, do túnel sob o Vale do Anhangabaú, a Prefeitura de São Paulo colocou o local sob "atenção", ontem. À tarde, diante de uma pequena chuva que atingiu o centro, técnicos municipais fecharam o tráfego no sentido norte-sul entre as 16h10 e 16h20 -período de maior intensidade.
O diagnóstico pode demorar. Os técnicos da prefeitura só poderão examinar as galerias depois que a água baixar dentro das tubulações. Na prefeitura, não há consenso nem mesmo nas especulações sobre as causas o problema.
O único ponto dado como certo é que teriam funcionado todas as oito bombas de sucção existentes entre as paredes dos dois túneis que cortam o vale -apesar de o túnel alagado só ter esvaziado ontem, por volta de 11h.
Nas outras duas vezes que o túnel encheu, neste ano, a prefeitura alegou mau funcionamento de quatro das bombas.
Paulo Taliba, coordenador do programa de túneis da Secretaria das Vias Públicas, descartou essa hipótese. "As bombas passaram por check-up recentemente."
Para Taliba, houve uma obstrução das galerias que ligam o vale e o rio Tamanduateí e isso causou um refluxo para dentro do túnel.
"Só isso explica a imagem que eu vi na televisão. Havia um chafariz, em um bueiro, de 1,5 m de altura, dentro do túnel."
O engenheiro tem três hipóteses para essa obstrução: acúmulo de sujeita ao longo da galeria, ruína das paredes de uma galeria, que são muito antigas, ou elevação das águas do rio Tamanduateí, onde desemboca a galeria.
"A sujeira é um dos maiores problemas no Anhangabaú", disse Taliba. O engenheiro culpou a população pelo lixo. "É preciso fazer algo para as pessoas pararem de jogar lixo na rua, nos córregos."
As galerias também precisariam de reformas, segundo o engenheiro. "A maioria das galerias dessa região tem 60 anos. Pode ter havido um desmoronamento de uma delas, e isso ter obstruído a passagem da água."
A terceira hipótese, de elevação das águas do Tamanduateí, ocasiona, segundo Taliba, uma redução de até 50% na capacidade de captação da galeria. O Daee informou que o nível do rio se elevou, mas não houve transbordamento.

Segurança
José Luiz Vasconcelos, chefe do departamento de projetos da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), engenheiro que participou da reurbanização do vale, tem raciocínio diferente.
Para ele, os túneis têm quatro válvulas de retenção que evitam que a água da galeria pluvial volte para o túnel.
Segundo Vasconcelos, a água que se acumulou no túnel foi simplesmente originada da chuva que atingiu o centro da cidade e não pôde escoar para outro local.
Blecaute
O alagamento do túnel Tribunal de Justiça foi causado por um blecaute, simultâneo a um temporal, segundo Taliba.
Isso fez com que a água da chuva invadisse a sala de controle e a casa de máquinas. Ficaram acumulados oito milhões de litros de água.
A enchente causou curto-circuito e impediu a manutenção dos equipamentos. O bombeamento só começou na madrugada de ontem, quando a prefeitura levou para lá quatro bombas. (RV)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.