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VIOLÊNCIA
Preso teria sido espancado porque estava bagunçando plantão do Depatri; policiais registraram autolesão
Comissão apura morte sob tortura em prisão
MARCELO GODOY
da Reportagem Local
A Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa e a
Pastoral Carcerária estão apurando a denúncia de que o preso Otávio dos Santos Filho, 28, morreu
em consequência de um sessão de
tortura feita por policiais civis.
O crime teria acontecido em outubro do ano passado no presídio
do Depatri (Departamento de Investigações Sobre Crimes Contra o
Patrimônio), onde Santos Filho
estava detido havia oito meses. Segundo boletim de ocorrência feito
pelos policiais, o preso se lesionou
sozinho.
Santos Filho teria sido retirado
da cela em que estava na madrugada do dia 10. "Ele pediu aos policiais que o levassem a um pronto-socorro", disse o padre Francisco Reardon, coordenador da
pastoral. O preso estaria com um
dos rins infeccionados, e a doença
teria se agravado naqueles dias.
Como Santos Filho insistia em
ser levado ao pronto-socorro de
Santana, os policiais teriam decidido espancá-lo porque ele estava
bagunçando o plantão da equipe
do Depatri. A pancadaria teria
acontecido na sala em que os detentos falam com os advogados.
Só então, de acordo com a comissão, os policiais decidiram levar Santos Filho ao hospital. No
dia seguinte, ele teria passado mal
e foi novamente conduzido ao
pronto-socorro.
Na manhã do dia 13, o preso
morreu. O caso foi registrado num
boletim de ocorrência com o título
de "morte a esclarecer". Desde então, a pastoral recebeu duas cartas
assinadas por detentos do Depatri
denunciando a tortura e a morte.
"Uma delas está assinada por 19
presos", disse o padre.
Familiares do preso disseram
que durante aqueles dias eles puderam manter contato com Santos Filho porque os detentos tinham um telefone celular na cela.
"Após ser espancado, ele conversou com um familiar pelo telefone e informou a essa pessoa o
que havia acontecido", disse o deputado estadual Renato Simões
(PT), presidente da comissão.
Por causa da suspeita, o Ministério Público designou uma promotora para acompanhar o caso. A
comissão e a pastoral pediram anteontem à Secretaria da Segurança
Pública que a investigação sobre a
morte seja feita pela Corregedoria
da Polícia Civil e não pelo Depatri.
"A tortura é um prática antiga
nas dependências do Depatri",
afirmou o deputado.
Outro ponto questionado pelo
deputado é o laudo sobre a causa
da morte do preso. O Instituto
Médico Legal apontou uma infecção generalizada como a causa.
"Ao mesmo tempo, o laudo relata hemorragias internas no pulmão e nos rins. Queremos saber se
elas foram a causa da morte." De
acordo com ele, novos médicos legistas irão reexaminar esse laudo.
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