São Paulo, sexta, 6 de março de 1998

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Fogo atinge 25% de Roraima

ALTINO MACHADO
da Agência Folha, em Boa Vista

Cerca de 25% da área do Estado de Roraima está sendo atingida por focos de incêndios causados pela estiagem, segundo o secretário-adjunto da Agricultura, Pedro Estevão.
O fogo atinge áreas de pastagem natural e floresta, principalmente no norte do Estado. A área mais prejudicada é a floresta de Apiaú, a oeste da capital Boa Vista, onde estão assentadas 1.500 famílias de agricultores.
Consequência do fenômeno El Niño, a estiagem obrigou a decretação do estado de calamidade em Roraima em 22 de janeiro.
Desde 2 de fevereiro, o Ibama vem proibindo as queimadas controladas -para preparação de áreas agrícolas-, para evitar novos focos. O Ibama também montou equipes para orientar a população a evitar o fogo.
Segundo o Distrito de Meteorologia do Ministério da Agricultura, só deve voltar a chover na região por volta de 20 de abril.
Cerca de 12 mil cabeças de gado já morreram. A previsão do governo é que cerca de 100 mil -25% do rebanho do Estado- pereçam até o fim da estiagem, causando prejuízos de R$ 40 milhões.
O governador Neudo Campos (PPB) está pedindo a diversos ministérios pelo menos R$ 15 milhões em recursos emergenciais. Desde janeiro, foram desviados R$ 2 milhões do Orçamento estadual para o combate aos efeitos da estiagem.
Foram construídos, em pequenas propriedades rurais, 4.134 açudes e 1.313 poços semi-artesianos. Segundo o governo, isto equivale a apenas 30% das necessidades do Estado.
Segundo o secretário do Planejamento, César Mansoldo, o governo do Estado está preocupado com as consequências econômicas da estiagem em um prazo "de dois a três anos".
Florestas onde ficam três aldeias indígenas ianomâmis, na região dos municípios de Alto Alegre, Mucajaí e Ajarani, no oeste de Roraima, estão sendo destruídas pelo fogo. Não há risco de as aldeias serem atingidas pelo fogo.
Mas a estiagem está prejudicando a criação de gado mantida pelos índios. Para beber água em açudes, o gado tem de percorrer cerca de 6 km.
Segundo o diretor da CCPY (Comissão Pró-Yanomâmi), Carlos Zacquini, as tribos da região correm o risco de passar fome por causa da estiagem.



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