São Paulo, quinta-feira, 06 de abril de 2000


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Comissão apura ligação entre deputado e crime organizado

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Salgueiro (PE)

A CPI do Narcotráfico investiga eventual ligação entre o deputado estadual de Pernambuco Eudo Magalhães (PFL) e seu grupo político com o crime organizado nos Estados de Alagoas e Piauí.
Segundo o deputado federal Robson Tuma (PFL-SP), integrante da comissão, há indícios de ligação entre o parlamentar e os grupos liderados pelos coronéis da PM Manoel Francisco Cavalcante, de Alagoas, e José Viriato Correia Lima, do Piauí. Cavalcante e Lima estão presos. No ano passado, em depoimento na CPI, eles negaram as acusações.
Tuma disse que o deputado Magalhães seria um dos braços políticos de grupos criminosos de Pernambuco, os quais atuariam principalmente no roubo de cargas e de caminhões.
Os veículos roubados nos três Estados, afirmou Tuma, seriam vendidos na fronteira do Brasil com o Paraguai e com a Bolívia. O pagamento, disse, seria feito em dinheiro e em cocaína.
As suspeitas contra Magalhães, disse Tuma, se baseiam em depoimentos colhidos pela CPI nos Estados, em fitas gravadas e em denúncias feitas por meio de cartas. Magalhães nega as acusações.
Questionado pela comissão, o deputado pernambucano disse, em depoimento, que não conhece os coronéis Cavalcante e Correia Lima. Admitiu, no entanto, ter hospedado em sua casa um policial alagoano supostamente ligado aos grupos criminosos.
Eudo Magalhães, que tem base política em Água Preta, município situado próximo à divisa com Alagoas, seria acareado ontem à noite com um de seus acusadores, o ex-policial civil Manoel Soares de Freitas, o "Falcon".
Condenado a 19 anos de prisão em 94 por tráfico de drogas, Freitas afirmou anteontem à CPI que Magalhães e seu grupo integram grupos especializados em homicídios premeditados. Magalhães afirmou que Freitas o acusa para tentar obter benefícios da Justiça.

"Polígono da maconha"
Em Salgueiro, município do sertão localizado na região conhecida por "polígono da maconha", os integrantes da CPI ouviram quatro testemunhas, entre elas o padre Remy de Vettor. Todos os depoimentos foram sigilosos.
Segundo integrante da comissão, Magalhães voltou a ser acusado. Além dele, outro deputado estadual foi citado. Também foram acusados quatro delegados e 17 membros de duas famílias que disputam o poder político e o domínio do tráfico na região.
Padre Vettor, pároco de Salgueiro, entregou aos deputados 15 cartas com denúncias contra políticos, jornalistas, policiais e empresários, recolhidas na igreja durante a celebração de missas.
"A máfia aqui é organizada, formada por grandes e fortes."


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