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Comissão apura ligação entre
deputado e crime organizado
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Salgueiro (PE)
A CPI do Narcotráfico investiga
eventual ligação entre o deputado
estadual de Pernambuco Eudo
Magalhães (PFL) e seu grupo político com o crime organizado nos
Estados de Alagoas e Piauí.
Segundo o deputado federal
Robson Tuma (PFL-SP), integrante da comissão, há indícios de
ligação entre o parlamentar e os
grupos liderados pelos coronéis
da PM Manoel Francisco Cavalcante, de Alagoas, e José Viriato
Correia Lima, do Piauí. Cavalcante e Lima estão presos. No ano
passado, em depoimento na CPI,
eles negaram as acusações.
Tuma disse que o deputado Magalhães seria um dos braços políticos de grupos criminosos de
Pernambuco, os quais atuariam
principalmente no roubo de cargas e de caminhões.
Os veículos roubados nos três
Estados, afirmou Tuma, seriam
vendidos na fronteira do Brasil
com o Paraguai e com a Bolívia. O
pagamento, disse, seria feito em
dinheiro e em cocaína.
As suspeitas contra Magalhães,
disse Tuma, se baseiam em depoimentos colhidos pela CPI nos Estados, em fitas gravadas e em denúncias feitas por meio de cartas.
Magalhães nega as acusações.
Questionado pela comissão, o
deputado pernambucano disse,
em depoimento, que não conhece
os coronéis Cavalcante e Correia
Lima. Admitiu, no entanto, ter
hospedado em sua casa um policial alagoano supostamente ligado aos grupos criminosos.
Eudo Magalhães, que tem base
política em Água Preta, município situado próximo à divisa com
Alagoas, seria acareado ontem à
noite com um de seus acusadores,
o ex-policial civil Manoel Soares
de Freitas, o "Falcon".
Condenado a 19 anos de prisão
em 94 por tráfico de drogas, Freitas afirmou anteontem à CPI que
Magalhães e seu grupo integram
grupos especializados em homicídios premeditados. Magalhães
afirmou que Freitas o acusa para
tentar obter benefícios da Justiça.
"Polígono da maconha"
Em Salgueiro, município do sertão localizado na região conhecida por "polígono da maconha",
os integrantes da CPI ouviram
quatro testemunhas, entre elas o
padre Remy de Vettor. Todos os
depoimentos foram sigilosos.
Segundo integrante da comissão, Magalhães voltou a ser acusado. Além dele, outro deputado estadual foi citado. Também foram
acusados quatro delegados e 17
membros de duas famílias que
disputam o poder político e o domínio do tráfico na região.
Padre Vettor, pároco de Salgueiro, entregou aos deputados 15
cartas com denúncias contra políticos, jornalistas, policiais e empresários, recolhidas na igreja durante a celebração de missas.
"A máfia aqui é organizada, formada por grandes e fortes."
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