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MASSACRE NA BAIXADA
Pedreiro foi morto a tiros na rua paralela à delegacia que centraliza apuração sobre chacina de 30
Homem é assassinado ao lado do QG policial
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
O primeiro estampido quase
passou despercebido. Mas foi seguido de mais um, dois e três. "Tiros?", jornalistas e policiais se perguntam, diante da Delegacia de
Homicídios da Baixada Fluminense, onde estavam aglomerados à espera de informações da
cúpula da polícia do Rio e da Polícia Federal sobre o massacre de 30
na quinta passada. "Acabaram de
matar um cara", diz um repórter.
De bermuda jeans, camiseta estampada e sandálias, o pedreiro
José Martins Rodrigues, 52, ainda
agonizava no chão, com quatro tiros na cabeça. Zezinho Pedreiro,
como era conhecido, morreu dez
minutos depois, às 17h15, na esquina das ruas Iolanda Ferreira
dos Santos e João N. da Rocha.
Não se sabe a razão da morte de
Rodrigues, mas policiais admitem
que pode ser mais uma afronta à
cúpula da polícia, que acusa PMs
de matarem 30 pessoas na noite
de quinta passada em Queimados
e Nova Iguaçu, na Baixa Fluminense (Grande Rio).
Uma hora após o assassinato na
rua paralela à da delegacia, a polícia anunciou que a Justiça decretou a prisão temporária de seis
PMs suspeitos de atuar no massacre. Quatro já tinham tido a prisão
preventiva concedida na apuração paralela da Polícia Federal.
A morte de Zezinho Pedreiro foi
definida como "episódica". Antes
de deixar a delegacia e de o crime
ser cometido, o chefe da Polícia
Civil, Álvaro Lins, disse ter certeza
de que quatro PMs executaram a
chacina. Segundo ele, um seria o
soldado Carlos Jorge de Carvalho.
Preso anteontem, o policial foi reconhecido por testemunha como
o autor dos disparos que mataram pessoas em Queimados.
Carvalho e os soldados José Augusto Moreira Felipe, Ivonei de
Souza, Fabiano Gonçalves Lopes,
Júlio Cesar Amaral e Maurício
Montezano tiveram ontem a prisão temporária (30 dias) decretada pela Justiça. Outros três PMs
estão em prisão administrativa de
72 horas, cujo prazo vence hoje. A
medida pode ser renovada.
Não havia indício de que a morte do pedreiro tivesse ligação com
as apurações. José Martins Rodrigues foi preso três vezes, por receptação de furto, falta de porte de
arma, agressão e roubo. Deixou a
prisão em 25 de dezembro. Sua
mãe, Mercedes Martins, 75, esteve
na delegacia e protestou contra a
morte. "O que ele devia já pagou."
Testemunhas disseram que os
tiros partiram de um carro vermelho. Ninguém registrou modelo ou placa. Carros da polícia saíram em busca do assassino, sem
direção definida e sem suspeitos.
O soldado Carlos de Carvalho é
ainda o principal suspeito de seqüestrar Mara Valéria Bittencourt
Moreira, 40, e seu filho Enil Fagundes Neto há quatro meses. Ela
é mulher do ex-vereador José Rechuem, de Mesquita. A suspeita é
que os dois estejam mortos.
Na noite de anteontem, a polícia
apreendeu na casa de Carvalho
jóias e uma balança de precisão
que pertenceriam a Mara. Os irmãos da vítima teriam reconhecido os objetos. Haverá perícia.
Carvalho e outros PMs presos,
diz Álvaro Lins, respondem a inquéritos por participação em grupo de extermínio, roubo e seqüestro na Baixada. Lins justificou a
permanência deles na polícia dizendo que a apuração não provou
nada de concreto contra eles.
O chefe da Polícia Civil afirmou
que os assassinos, em Nova Iguaçu, não usaram máscaras. Em
Queimados, esconderam o rosto,
exceto Carvalho. Ele teria retornado ao local do crime, cerca de 40
minutos depois, e discutido com
policiais que registravam o crime.
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