São Paulo, domingo, 06 de abril de 2008

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Força-tarefa apura se Isabella não foi jogada

Médicos do IML discutem hipótese de a menina ter sido colocada, já morta, no jardim do prédio onde ela foi encontrada

Parecer deve ser dado até a próxima terça-feira; peritos suspeitam que a garota nem tenha sido atirada pela janela do apartamento

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma força-tarefa do IML (Instituto Médico Legal) irá se reunir nos próximos dias para analisar a tese de que Isabella Oliveira Nardoni, 5, não caiu do sexto andar do apartamento. O pai declarou à Polícia Civil que ela foi atirada pela janela.
Os médicos legistas discutem se ela foi deixada no jardim do prédio do pai, o que reforça a versão de a menina ter sido asfixiada, como revelou a Folha na última terça-feira. A menina morreu em 29 de março.
A junta de seis médicos legistas (três deles responsáveis diretamente pela elaboração do laudo sobre a causa da morte da menina e o restante, de especialistas convidados) pretende discutir o assunto e apresentar seu parecer até a próxima terça.
No início da semana passada, a Folha também publicou que peritos do IML suspeitam que a criança nem sequer tenha sido jogada pela janela. Essa versão, de que ela foi arremessada, foi apresentada pelo pai da vítima, o estagiário de direito Alexandre Nardoni, 29, em seu primeiro depoimento.
A suspeita de ela não ter sido jogada, segundo a reportagem apurou, é a quantidade de lesões identificadas pela perícia: só uma fratura no punho direito, que pode ser pouco para alguém que teria caído de uma altura de quase 20 metros. Segundo legistas do IML ouvidos pela Folha sob a condição de não terem seus nomes divulgados, eles ficaram intrigados com isso.
A perícia também encontrou hematomas na menina, mas eles seriam indícios de que ela teria sofrido uma agressão. Algumas dessas marcas no seu corpo são sinais que podem ter sido causados por asfixia ou tentativa de asfixia.
Foram detectados hematomas na nuca da criança -possivelmente causados pelos dedos do suposto agressor-, um corte na testa, uma mancha na perna direita e uma hemorragia cerebral. A equipe de legistas também encontrou manchas no coração e no pulmão da criança, comuns em asfixia.

Sem testemunhas
Nenhuma testemunha disse ter visto a menina ser jogada pela janela. Somente duas pessoas ouvidas pela polícia afirmam ter escutado um barulho alto, mas não como o de uma pessoa que cai na grama e, sim, como o de uma porta corta-fogo fechando, conforme comentou ontem o promotor Francisco Cembranelli.
Técnicos do Instituto de Criminalística também encontraram vestígios de sangue no apartamento, no lençol, na tela de proteção cortada da janela, no carro da família, no carrinho de bebê e no elevador.
Segundo Celso Perioli, coordenador da Polícia Técnico-Científica, o sangue encontrado já começou a ser tratado para que um exame de DNA possa ser realizado. Ele explicou que a coleta do DNA não é imediata pois o sangue recolhido vem com impurezas e precisa ser preparado. "Estamos empenhados mas não temos nenhum laudo pronto ainda".

Habeas corpus
Os advogados de Nardoni e de sua mulher, Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, se reuniram ontem para elaborar o texto de um pedido de habeas corpus que deve ser apresentado à Justiça nesta segunda.


Colaborou LUIS KAWAGUTI


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