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Força-tarefa apura se Isabella não foi jogada
Médicos do IML discutem hipótese de a menina ter sido colocada, já morta, no jardim do prédio onde ela foi encontrada
Parecer deve ser dado até a próxima terça-feira; peritos suspeitam que a garota nem tenha sido atirada pela janela do apartamento
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma força-tarefa do IML
(Instituto Médico Legal) irá se
reunir nos próximos dias para
analisar a tese de que Isabella
Oliveira Nardoni, 5, não caiu do
sexto andar do apartamento. O
pai declarou à Polícia Civil que
ela foi atirada pela janela.
Os médicos legistas discutem
se ela foi deixada no jardim do
prédio do pai, o que reforça a
versão de a menina ter sido asfixiada, como revelou a Folha
na última terça-feira. A menina
morreu em 29 de março.
A junta de seis médicos legistas (três deles responsáveis diretamente pela elaboração do
laudo sobre a causa da morte
da menina e o restante, de especialistas convidados) pretende discutir o assunto e apresentar seu parecer até a próxima terça.
No início da semana passada,
a Folha também publicou que
peritos do IML suspeitam que
a criança nem sequer tenha sido jogada pela janela. Essa versão, de que ela foi arremessada,
foi apresentada pelo pai da vítima, o estagiário de direito Alexandre Nardoni, 29, em seu
primeiro depoimento.
A suspeita de ela não ter sido
jogada, segundo a reportagem
apurou, é a quantidade de lesões identificadas pela perícia:
só uma fratura no punho direito, que pode ser pouco para alguém que teria caído de uma
altura de quase 20 metros. Segundo legistas do IML ouvidos
pela Folha sob a condição de
não terem seus nomes divulgados, eles ficaram intrigados
com isso.
A perícia também encontrou
hematomas na menina, mas
eles seriam indícios de que ela
teria sofrido uma agressão. Algumas dessas marcas no seu
corpo são sinais que podem ter
sido causados por asfixia ou
tentativa de asfixia.
Foram detectados hematomas na nuca da criança -possivelmente causados pelos dedos
do suposto agressor-, um corte na testa, uma mancha na
perna direita e uma hemorragia cerebral. A equipe de legistas também encontrou manchas no coração e no pulmão da
criança, comuns em asfixia.
Sem testemunhas
Nenhuma testemunha disse
ter visto a menina ser jogada
pela janela. Somente duas pessoas ouvidas pela polícia afirmam ter escutado um barulho
alto, mas não como o de uma
pessoa que cai na grama e, sim,
como o de uma porta corta-fogo fechando, conforme comentou ontem o promotor Francisco Cembranelli.
Técnicos do Instituto de Criminalística também encontraram vestígios de sangue no
apartamento, no lençol, na tela
de proteção cortada da janela,
no carro da família, no carrinho
de bebê e no elevador.
Segundo Celso Perioli, coordenador da Polícia Técnico-Científica, o sangue encontrado já começou a ser tratado para que um exame de DNA possa
ser realizado. Ele explicou que
a coleta do DNA não é imediata
pois o sangue recolhido vem
com impurezas e precisa ser
preparado. "Estamos empenhados mas não temos nenhum laudo pronto ainda".
Habeas corpus
Os advogados de Nardoni e
de sua mulher, Anna Carolina
Trotta Peixoto Jatobá, se reuniram ontem para elaborar o
texto de um pedido de habeas
corpus que deve ser apresentado à Justiça nesta segunda.
Colaborou LUIS KAWAGUTI
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