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Rodoanel livra Bandeirantes de caminhões
Tráfego de veículos pesados na avenida caiu 43%, em comparação com a segunda-feira retrasada; barulho e fumaça diminuem
Teste foi feito entre as 16h e as 17h, horário considerado de pico para a CET; para professor da FGV, efeitos positivos são temporários
Adriano Vizoni/Folha Imagem
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Trânsito livre na avenida dos Bandeirantes devido ao menor número de caminhões na via após abertura do trecho sul do Rodoanel
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
A abertura do trecho sul do
Rodoanel aliviou o trânsito de
caminhões na avenida dos Bandeirantes, rota de motoristas
rumo ao sistema Imigrantes/
Anchieta e ao porto de Santos.
Foi o primeiro grande teste
dos efeitos do Rodoanel no tráfego do corredor marginal Pinheiros-Bandeirantes. A mudança foi considerável: com
menos caminhões, o tráfego
fluiu melhor e diminuíram o
barulho e o nível de fumaça.
O trecho sul abriu na quinta-feira, dia em que, por causa da
véspera do feriado, havia poucos caminhões nas rodovias.
A Folha constatou redução
de 43% na Bandeirantes, entre
as 16h e as 17h, horário que a
CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) considera de pico. Ontem, circularam 816 caminhões nos dois sentidos
-Imigrantes e marginal Pinheiros. Duas semanas atrás,
também uma segunda-feira
(22 de março), foram 1.427. A
medição ocorreu com um contador cedido pelo Datafolha.
Antes de o trecho sul abrir, a
reportagem contabilizou o tráfego na Bandeirantes por três
dias. O pico ocorreu em 24 de
março, quarta-feira: 1.595 caminhões. A queda no tráfego
pesado na Bandeirantes, por
onde circulavam 27 mil caminhões ao dia, comprova projeções feitas pela Secretaria de
Estado dos Transportes.
A diferença era visível -desapareceram os comboios formados por caminhões gigantescos e a Bandeirantes estava
tomada por carros. É o que dizia, por volta das 17h10, o representante comercial Marcelo Siqueira, 45, que naquela hora fazia o roteiro de todo dia.
A caminho de casa, no Planalto Paulista, deixou o local
onde trabalha, na avenida Vereador José Diniz, um percurso
de cerca de 2 km. "Pelo horário,
isso aqui deveria estar tudo parado, com a faixa da direita tomada só de carretas. Hoje não
tem nada disso", dizia.
Embora a Secretaria Municipal dos Transportes espere
uma queda de até 12% na lentidão em toda a cidade, essa melhora é temporária, segundo o
economista Ciro Biderman,
professor da FGV (Fundação
Getulio Vargas). O aumento da
frota, diz ele, irá acabar diluindo os efeitos positivos da obra.
Ontem, a CET registrou uma
queda de 18% na lentidão média em toda a cidade, no período das 7h às 19h, na comparação com 22 de março. Foram 61
km de congestionamento médio ontem e 74 km naquela segunda-feira de março, logo
após a inauguração da ampliação da marginal Tietê. O melhor resultado ocorreu exatamente na Bandeirantes (1 km
ontem contra 4 km no dia 22 de
março -75% menos).
A maioria das empresas de
logística decidiu trocar o caminho por dentro de São Paulo
para chegar ao porto de Santos
e é clara a vantagem do trecho
sul para o caminhoneiro, afirma o presidente do Setcesp
(sindicato de transportadoras
do Estado), Francisco Pelucio.
Ele avalia que ainda mais caminhões desviarão da marginal
assim que o trecho sul e os
acessos estiverem mais bem sinalizados. "Quem vem de mais
longe às vezes nem sabe que o
trecho sul foi aberto", disse.
A redução do tráfego pesado
-passam pela avenida caminhões com até nove eixos- não
foi o único efeito positivo na
Bandeirantes. No local em que
a Folha permaneceu, um posto
de combustíveis bem próximo
ao viaduto da avenida Washington Luís, não se sente mais
o chão tremer, resultado do peso dos veículos. Ali, já é possível
falar ao telefone e ouvir o barulho das turbinas dos aviões no
aeroporto de Congonhas.
Ficar por ali algumas horas
também deixava no corpo e nas
roupas um cheiro de óleo queimado. "Antes, o vidro tremia
todo por causa dos caminhões
e tinha muita fuligem em casa.
Desde que abriu [o Rodoanel],
deu uma boa melhorada", diz a
doméstica Maria Aparecida de
Araújo, 45, que trabalha em
uma casa na vizinhança.
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