São Paulo, domingo, 06 de maio de 2007

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Com casa rachada, morador reclama de barulho; urbanistas sugerem remoção

DA REPORTAGEM LOCAL

Da janela de seu barraco, Clotilde Ribeiro Alves, 58, mostra um Boeing-747 (um jumbo da British Airways) decolar. Sem nunca ter entrado num avião, ela vê (e ouve) mais de 200 pousos e decolagens, da perspectiva da cabeceira da pista principal, do aeroporto de Cumbica por dia.
Barulho excessivo, isolamento, poluição, falta de infra-estrutura, como saneamento e luz, transporte público precário e rachadura das casas são as reclamações comuns dos vizinhos do aeroporto.
Às 4h da manhã, um avião cargueiro -carregador de contêineres, e, por isso, dotado de turbinas mais potentes e barulhentas- decola diariamente, apesar dos protestos.
O aumento da população clandestina às margens da pista obrigou uma observação mais atenta da autoridade aeronáutica. O lixo doméstico atrai urubus, um risco à aviação, por exemplo. As pipas também interferem no tráfego aéreo.
Um dos investimentos da administração do aeroporto foi a criação de um programa de educação ambiental para cuidar da questão do lixo com os moradores. Outro foi a procura de espaço na região para construir um "pipódromo".
Há 14 anos na favela Jardim Regina, Alves, dona-de-casa, se queixa dos ratos, atraídos pelo esgoto a céu aberto e pelo lixo jogado num córrego, e das rachaduras da casa, causadas pela trepidação dos aviões.
"Olha esse reboco (ela mostra). Já gastei uns R$ 1.000 para arrumar o barraco", reclama.

Remoção
"As autoridades aeroportuárias deveriam ter tomado providências para deslocamento das pessoas de áreas de risco. Esse caso de Guarulhos é raro e um pouco espantoso. É uma área de utilidade pública e de segurança. É preciso uma área de proteção das cabeceiras. Deve haver uma relocação, não há sombra de dúvidas", avalia Pedro Taddei Neto, professor de planejamento da FAU, a faculdade de urbanismo da USP.
"A atribuição é da gestão urbana, da prefeitura. Faltou fiscalização, que deveria ter comparecido e proibido. É preciso tomar medidas de precaução para invasão. O primeiro passo é encaminhar os moradores para outro local. Não há como resolver o lugar. O solução é levar para local adequado", completa o urbanista Celso Pazzanesi, professor da Escola da Cidade.
Segundo a Infraero, o Jardim Regina e alguns barracos das favelas adjacentes devem ser removidos pelo Ministério das Cidades em até dois anos.
"Antes, indenizava-se só a área. Hoje, é preciso pagar pela construção", afirma Edgar Brandão Jr, superintendente regional da Infraero. A estatal tem planos de implantação de um programa de medição de ruídos na área do aeroporto. (VQG)


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