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Com casa rachada, morador reclama de barulho; urbanistas sugerem remoção
DA REPORTAGEM LOCAL
Da janela de seu barraco,
Clotilde Ribeiro Alves, 58, mostra um Boeing-747 (um jumbo
da British Airways) decolar.
Sem nunca ter entrado num
avião, ela vê (e ouve) mais de
200 pousos e decolagens, da
perspectiva da cabeceira da pista principal, do aeroporto de
Cumbica por dia.
Barulho excessivo, isolamento, poluição, falta de infra-estrutura, como saneamento e
luz, transporte público precário e rachadura das casas são as
reclamações comuns dos vizinhos do aeroporto.
Às 4h da manhã, um avião
cargueiro -carregador de contêineres, e, por isso, dotado de
turbinas mais potentes e barulhentas- decola diariamente,
apesar dos protestos.
O aumento da população
clandestina às margens da pista
obrigou uma observação mais
atenta da autoridade aeronáutica. O lixo doméstico atrai urubus, um risco à aviação, por
exemplo. As pipas também interferem no tráfego aéreo.
Um dos investimentos da administração do aeroporto foi a
criação de um programa de
educação ambiental para cuidar da questão do lixo com os
moradores. Outro foi a procura
de espaço na região para construir um "pipódromo".
Há 14 anos na favela Jardim
Regina, Alves, dona-de-casa, se
queixa dos ratos, atraídos pelo
esgoto a céu aberto e pelo lixo
jogado num córrego, e das rachaduras da casa, causadas pela
trepidação dos aviões.
"Olha esse reboco (ela mostra). Já gastei uns R$ 1.000 para
arrumar o barraco", reclama.
Remoção
"As autoridades aeroportuárias deveriam ter tomado providências para deslocamento
das pessoas de áreas de risco.
Esse caso de Guarulhos é raro e
um pouco espantoso. É uma
área de utilidade pública e de
segurança. É preciso uma área
de proteção das cabeceiras. Deve haver uma relocação, não há
sombra de dúvidas", avalia Pedro Taddei Neto, professor de
planejamento da FAU, a faculdade de urbanismo da USP.
"A atribuição é da gestão urbana, da prefeitura. Faltou fiscalização, que deveria ter comparecido e proibido. É preciso
tomar medidas de precaução
para invasão. O primeiro passo
é encaminhar os moradores para outro local. Não há como resolver o lugar. O solução é levar
para local adequado", completa
o urbanista Celso Pazzanesi,
professor da Escola da Cidade.
Segundo a Infraero, o Jardim
Regina e alguns barracos das
favelas adjacentes devem ser
removidos pelo Ministério das
Cidades em até dois anos.
"Antes, indenizava-se só a
área. Hoje, é preciso pagar pela
construção", afirma Edgar
Brandão Jr, superintendente
regional da Infraero. A estatal
tem planos de implantação de
um programa de medição de
ruídos na área do aeroporto.
(VQG)
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