|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SP ganha 220 pontos de entulho em 2 anos
Desde 2005, desova ilegal subiu 22% e passou de mil a 1.220 locais de despejo de materiais; lixo orgânico piora situação
Enchentes carregam sujeira a casas vizinhas; marginal Pinheiros é um dos locais mais críticos, e multa da prefeitura chega a R$ 500
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Montes de tijolos, telhas quebradas e partes de móveis ocupam constantemente partes de
calçadas e praças de São Paulo.
Além de deixar a cidade mais
suja e feia, o material dificulta a
circulação de pedestres.
O problema, para irritação
dos moradores de áreas afetadas, tem piorado com o passar
do tempo. Em dois anos, o número de pontos de desova ilegal
de entulho no município cresceu 22%. Em 2005, havia mil
pontos. Neste ano, são 1.220,
segundo a prefeitura.
A situação fica ainda mais
complicada quando, além do
entulho, é jogado também lixo
orgânico -como na rua Capistrano de Abreu, na Barra Funda. Junto com tijolos e telhas
quebrados há pedaços de pão,
cebola, garrafas de refrigerante, embalagens de chocolate e
iogurte e até o pára-choque
dianteiro de um carro. Muitas
moscas pairam sobre o lixo.
"Descarregam entulho aqui
24 horas por dia. Nem se dão ao
trabalho de tentar esconder. E
a prefeitura, em vez de coibir,
só passa aqui para reclamar da
nossa calçada", diz o empresário Dirceu Costa Júnior, que
tem escritório na rua Capistrano de Abreu. De acordo com
ele, quando chove há enchente
no local e o lixo é carregado
com a água para as casas.
Segundo a administração
municipal, um dos pontos mais
críticos de desova é a marginal
Pinheiros -perto da casa de
shows Credicard Hall e do hotel Transamérica.
Também na zona sul são
apontadas ruas como a Pelotas,
a Joaquim Távora e a av. Rubem Berta, na área da Subprefeitura da Vila Mariana. Na região oeste, há descarte de material perto do cemitério São Paulo, em Pinheiros, nas ruas Horácio Lane e Luís Murat.
Na região central, um dos
pontos visíveis é na rua Ana
Cintra, perto do Elevado Costa
e Silva. Moradores de rua costumam usar os sofás jogados no
local para dormir.
Na zona leste, aparecem as
ruas Morfeu (Vila Nhocuné) e
avenida Taubaté (Carrão). Não
foram informados pontos críticos na zona norte.
Multa
Segundo Henrique César de
Oliveira Santos, que coordena a
questão do lixo nas subprefeituras, o valor da multa para
quem joga entulho em local
inadequado é normalmente de
R$ 500, baseada na lei nš
13.478, de 2002. Ele considera
o valor da penalidade baixo. "A
lei anterior, 10.315, estabelecia
multa de R$ 5.600. Isso freava
um pouco", diz.
Em março, entretanto, a
Subprefeitura da Vila Mariana
multou uma empresa em
R$ 1.000 por jogar sacos de lixo
na calçada da av. Ibirapuera. De
acordo com a administração regional, o proprietário cometeu
crime ambiental por infringir o
artigo artigo 54 da Lei 9605/98.
Sobre a fiscalização de caminhões que descartam entulho
principalmente nas marginais
e áreas mais afastadas, ele diz
que a maior dificuldade é reunir policiais militares, guardas
civis e agentes vistores para
realizar blitze. "É um esforço
muito grande que fazemos.
Mas é preciso educar a população", afirma Santos.
Santos afirma também que
muitas pessoas que reformam a
casa, em vez de pagar para usar
caçambas entregam o material
para carroceiros, que acabam
deixando o entulho em qualquer lugar.
Ecopontos
De acordo com a Secretaria
de Serviços, existem atualmente 12 ecopontos na cidade -em
2005, eram apenas três. Nesses
locais os moradores podem
descartar restos de reforma,
metais, madeiras, podas de árvores e móveis velhos.
A utilização de ecopontos é
gratuita e limitada a um metro
cúbico diário por habitante, o
que equivale a aproximadamente 25% de uma caçamba ou
uma caixa d'água de mil litros.
Se for necessário jogar fora
um volume maior de material,
é preciso contratar uma empresa fornecedora de caçamba
que tenha cadastro na Limpurb
(Departamento de Limpeza
Urbana) de São Paulo.
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Na praça Monteiro Lobato, lixo dá lugar à alfabetização Índice
|