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Na praça Monteiro Lobato, lixo dá lugar à alfabetização
Localizada no centro de São Paulo, praça funcionava como ponto de transbordo de lixo irregular há mais de dez anos
ONG Educa São Paulo agora oferece, com alunos e professores da PUC-SP, aulas de alfabetização para garis e lixeiros no local
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
"Os garis e os lixeiros vão entrar na praça agora é para estudar." É assim que o presidente
da ONG Educa São Paulo, Devanir Amâncio, comemora o fechamento de um transbordo de
lixo irregular que funcionava
na praça Monteiro Lobato, no
centro de São Paulo.
Essa praça fica a menos de
500 metros do gabinete do prefeito Gilberto Kassab (DEM,
ex-PFL) e era ocupada irregularmente havia mais de dez
anos por empresas que recolhem o lixo do calçadão.
O lixão, como era chamado,
funcionava ao lado do Conservatório Dramático e Musical e
causava mau cheiro, segundo o
diretor Júlio Navega. Além disso, contou ele em março, muitos dos convidados se confundiam com as entradas e acabavam dentro do transbordo.
Foi por meio de uma denúncia feita por Amâncio ao Ministério Público, revelada pela Folha em março deste ano, que a
Subprefeitura da Sé determinou a desocupação da área.
Agora, com alunos e professores da PUC-SP (Pontifícia
Universidade Católica), coordenados pela professora Maria
Stela Graciani, duas turmas de
alfabetização com 15 alunos estão funcionando no local, além
de turmas de leitura. "Queremos também montar uma turma para os lixeiros que trabalham na madrugada", disse
Amâncio.
Parte das aulas são ministradas num viveiro de pássaros
que foi desativado.
O secretário de Subprefeituras, Andrea Matarazzo, tem
planos de utilizar a praça num
megaprojeto arquitetônico para o centro, chamado de Praças
das Artes, mas disse que poderá
arrumar outro lugar para as
turmas quando houver a implantação do projeto. "Tudo
que for para uma finalidade como essa terá o nosso apoio."
A próxima queda-de-braço
da ONG será agora, segundo
seu presidente, com os usuários e traficantes que utilizam a
praça para usar e vender drogas
ilícitas. Na segunda-feira, será
colocada uma faixa avisando
que não será mais permitida esse tipo de prática no local.
Amâncio disse ainda que vai
continuar a investigação feita
pela Promotoria. Ele suspeita
que mesmo com a ocupação da
praça por empresas particulares, as contas de água e luz
eram pagas pelo município.
Matarazzo disse ter determinado a investigação para saber
se isso de fato ocorreu e poderá,
se comprovado, pedir o ressarcimento. O resultado da apuração não foi informado.
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