São Paulo, domingo, 06 de maio de 2007

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Na praça Monteiro Lobato, lixo dá lugar à alfabetização

Localizada no centro de São Paulo, praça funcionava como ponto de transbordo de lixo irregular há mais de dez anos

ONG Educa São Paulo agora oferece, com alunos e professores da PUC-SP, aulas de alfabetização para garis e lixeiros no local

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

"Os garis e os lixeiros vão entrar na praça agora é para estudar." É assim que o presidente da ONG Educa São Paulo, Devanir Amâncio, comemora o fechamento de um transbordo de lixo irregular que funcionava na praça Monteiro Lobato, no centro de São Paulo.
Essa praça fica a menos de 500 metros do gabinete do prefeito Gilberto Kassab (DEM, ex-PFL) e era ocupada irregularmente havia mais de dez anos por empresas que recolhem o lixo do calçadão.
O lixão, como era chamado, funcionava ao lado do Conservatório Dramático e Musical e causava mau cheiro, segundo o diretor Júlio Navega. Além disso, contou ele em março, muitos dos convidados se confundiam com as entradas e acabavam dentro do transbordo.
Foi por meio de uma denúncia feita por Amâncio ao Ministério Público, revelada pela Folha em março deste ano, que a Subprefeitura da Sé determinou a desocupação da área.
Agora, com alunos e professores da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), coordenados pela professora Maria Stela Graciani, duas turmas de alfabetização com 15 alunos estão funcionando no local, além de turmas de leitura. "Queremos também montar uma turma para os lixeiros que trabalham na madrugada", disse Amâncio.
Parte das aulas são ministradas num viveiro de pássaros que foi desativado.
O secretário de Subprefeituras, Andrea Matarazzo, tem planos de utilizar a praça num megaprojeto arquitetônico para o centro, chamado de Praças das Artes, mas disse que poderá arrumar outro lugar para as turmas quando houver a implantação do projeto. "Tudo que for para uma finalidade como essa terá o nosso apoio."
A próxima queda-de-braço da ONG será agora, segundo seu presidente, com os usuários e traficantes que utilizam a praça para usar e vender drogas ilícitas. Na segunda-feira, será colocada uma faixa avisando que não será mais permitida esse tipo de prática no local.
Amâncio disse ainda que vai continuar a investigação feita pela Promotoria. Ele suspeita que mesmo com a ocupação da praça por empresas particulares, as contas de água e luz eram pagas pelo município.
Matarazzo disse ter determinado a investigação para saber se isso de fato ocorreu e poderá, se comprovado, pedir o ressarcimento. O resultado da apuração não foi informado.


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