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PM mata mais porque confronto está mais duro, diz comandante
Bandidos mais armados e policiais mais preparados explicam alta de 40% nas mortes em confronto com a PM, afirma coronel
Para Álvaro Camilo, "não há necessidade de alarmes';
"A polícia está chegando mais quando o delito ainda está acontecendo", afirma
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O comandante da Polícia Militar de São Paulo, coronel Álvaro Camilo, disse ontem que o
aumento da letalidade da corporação neste ano é sintoma do
aumento dos confrontos entre
bandidos mais armados e policiais bem preparados.
Para ele, não há motivos para
alarme. Todos os casos são investigados pela corporação, diz.
Conforme a Folha revelou
ontem, no primeiro trimestre
de 2010 o número de pessoas
mortas em confronto com a
PM subiu 40% em comparação
a igual período do ano passado
(saltou de 104 para 146).
Já nos 12 últimos meses, a letalidade subiu 54% em relação
ao período anterior (passou de
368 para 566), o que coincide
com o início da gestão do secretário Antonio Ferreira Pinto
(Segurança) e do coronel Camilo, que assumiram os cargos
em março de 2009.
No primeiro trimestre, por
outro lado, latrocínios caíram
22%, roubos, 13%, furtos, 5%,
roubos de veículos, 12%, furtos
de veículos, 10% e roubos de
carga, 7%.
Leia, abaixo, trechos da entrevista concedida ontem pelo
coronel à Folha.
FOLHA - Por que aumentou tanto a
letalidade da Polícia Militar?
ÁLVARO CAMILO - Não aumentou
tanto. A letalidade aumentou
proporcionalmente à ação policial. Além disso, a tecnologia
utilizada fez com que a pronta
resposta seja melhor. A polícia
está chegando mais quando o
delito ainda está acontecendo.
Isso fez com que o número de
confrontos aumentasse 40%
nesse trimestre em relação ao
trimestre [do ano] anterior .
FOLHA - Os números de vocês mesmos dizem que o aumento foi inferior a 9%.
CAMILO - É menor, tudo bem.
Mas aumentou o número de
confrontos. Nesses confrontos
percebeu-se uma maior utilização da pistola por parte da marginalidade. Antigamente era o
revólver, agora é a pistola.
Apenas em 30% dos confrontos houve evento morte. Na
maioria, 70%, as pessoas saem
ilesas ou com lesão [feridas].
FOLHA - O sr. acha 30% toleráveis?
CAMILO - O evento morte para
nós, em qualquer situação, é
ruim. Não consideramos nada
tolerável. O ideal seria que não
tivéssemos mortes em confrontos. A morte nunca é tolerável, o foco nosso é prender.
Aconteceu a morte, vai uma
equipe da Corregedoria da PM,
além da abertura do IPM [inquérito policial militar], que vai
parar na Justiça. Também há o
conselho de letalidade da Secretaria da Segurança. Nosso
policial tem de agir dentro da
legalidade sempre.
FOLHA - O senhor não recebeu nenhuma reclamação por parte do governo sobre esses números?
CAMILO - Nós estamos trabalhando desde o início para que
esse índice não seja elevado. A
polícia não deseja o confronto.
O policial é bem preparado e a
preparação está melhorando
cada vez mais.
FOLHA - O coronel da reserva José
Vicente da Silva disse considerar essa letalidade motivo para soarem
alarmes.
CAMILO - Não há necessidade
de alarmes. Com isso eu não
concordo. É uma preocupação,
mas nós temos que avaliar os
casos. O que volto a salientar é
nós tínhamos o marginal enfrentando a polícia com revólver calibre 38. Hoje, não. Ele está enfrentando mais, com armas mais pesadas.
FOLHA - Um bandido mais armado
não provocaria um efeito inverso?
De aumentar as mortes dos PMs?
CAMILO - É o seguinte: ele se
sente mais fortalecido. Talvez
por sentir-se mais fortalecido,
talvez por estar com uma arma
mais diferenciada ou mais potente, ele enfrenta a polícia. Aí,
encontra um policial bem preparado. Esse é o diferencial.
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