|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SEGURANÇA
Nove detentos e um funcionário ficaram feridos numa rebelião no complexo de presídios da rua Frei Caneca
Greve de agentes faz preso se rebelar no Rio
TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Nove presos ficaram feridos por
estilhaços de bombas de efeito
moral ontem de manhã durante
uma rebelião na penitenciária
Milton Dias Moreira, no complexo de presídios da rua Frei Caneca
(Estácio, região central do Rio).
O motim foi debelado por policiais militares do Bope (Batalhão
de Operações Especiais) e do Batalhão de Choque.
A rebelião foi deflagrada às 9h,
quando os cerca de 1.300 presos
foram informados de que, por
causa da greve dos agentes penitenciários, iniciada à 0h de ontem,
as visitas estavam proibidas.
Os presidiários se revoltaram.
Segundo agentes ouvidos pela Folha, eles começaram a bater nas
grades, quebraram os cadeados e
tomaram conta do presídio. Os
agentes que não participavam da
greve conseguiram deixar a prisão. Os rebelados não teriam conseguido fazer reféns.
Cerca de 40 homens da PM (Polícia Militar) entraram no Milton
Dias Moreira. Pelo menos uma
bomba de gás lacrimogêneo foi
jogada nos rebelados. Os presos
feridos foram internados no Hospital Penitenciário, também no
complexo da Frei Caneca. Segundo informações do governo estadual, o estado de saúde dos feridos não era grave.
Os presos estenderam três cartazes nas janelas gradeadas do
presídio. Os cartazes eram avistados do vizinho morro de São Carlos. Um deles trazia a sigla SOS.
Um outro acusava os policiais militares de estarem "barbarizando". No terceiro, estava escrita a
frase "dois baleados".
Durante o confronto, um agente
levou uma pedrada, mas ele passa
bem, segundo os colegas. De
acordo com o diretor do Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário do Estado do Rio, Alcy
Coutinho, a segurança do complexo Frei Caneca era feita por 12
agentes penitenciários.
Depois que a rebelião foi controlada, a PM colocou os presos
nus no pátio da penitenciária, para conferir se houve fugas e revistar as celas em busca de armas.
O Milton Dias Moreira é controlado por presidiários vinculados
às facções criminosas TC (Terceiro Comando) e ADA (Amigo dos
Amigos). Anteontem, cinco detentos conseguiram fugir do presídio, pulando um muro e correndo para a favela.
Greve
Com a greve dos agentes penitenciários por tempo indeterminado, aumenta a crise no sistema
carcerário do Rio, iniciada a partir
da rebelião ocorrida na semana
passada na Casa de Custódia de
Benfica (zona norte). Pelo menos
30 presos e um agente penitenciário foram mortos durante a rebelião, que durou 61 horas.
Os agentes serão substituídos
por 805 PMs enquanto a paralisação continuar. As visitas e os banhos de sol foram suspensos, o
que está irritando os cerca de 20
mil presos do Estado. Do lado de
fora do Milton Dias Moreira, 200
parentes de presos protestavam e
chegaram a tentar interromper o
trânsito na Frei Caneca.
Os grevistas reivindicam reposição salarial de 72%, melhoria nas
condições de trabalho e a convocação dos aprovados no último
concurso para preenchimento de
vagas na carreira.
Até a conclusão desta edição a
Folha não havia conseguido falar
com o secretário estadual de Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos. O secretário de Segurança, Anthony Garotinho, também não havia dado
entrevistas sobre a nova rebelião.
Colaborou a Folha Online
Texto Anterior: Rosinha reage à crítica de bispos da Igreja Católica Próximo Texto: Em MG, exército faz patrulhamento Índice
|