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PF também pôs agente em padaria paulistana
Café da manhã de um dos chefes do megafurto foi servido por infiltrado
Polícia tinha dúvidas se o homem que ia todos os dias ao lugar para tomar café era mesmo um dos envolvidos no crime
Neysla Rocha - 10.ago.2008/"Diário do Nordeste"
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Policial mostra parte do dinheiro que foi recuperado após mega furto de R$ 164,8 milhões ao Banco Central de Fortaleza
DE SÃO PAULO
Os cafés matinais em uma
padaria na Vila Mariana, na
zona sul de São Paulo, eram
servidos por um algoz, mas
Moisés Teixeira da Silva, conhecido como Cabelo, nunca
desconfiou de nada. Ao contrário, até se sentia seguro.
Considerado pela Polícia
Federal um dos dois chefes
da ala paulista da quadrilha
que furtou os R$ 164,8 milhões do Banco Central de
Fortaleza, Silva foi um dos
criminosos mais procurados
do Brasil até 31 de julho de
2009, quando acabou preso.
Para chegar a Silva, que vivia num confortável apartamento na zona sul, a Polícia
Federal também adotou a
técnica de infiltrar agentes.
Sem nem mesmo que os
donos e responsáveis pela
padaria frequentada por Silva soubessem, um policial se
candidatou ao trabalho de
copeiro e, por cerca de 15
dias, serviu o procurado.
Até a infiltração do agente
entre os funcionários da padaria, a PF tinha dúvida se o
homem que ia diariamente
ao lugar para tomar café da
manhã era ou não Silva.
O procurado havia feito
implante de cabelo e uma pequena plástica no pescoço.
Quando o atendente infiltrado conseguiu fazer imagens que deram à PF a certeza de que Silva era o ladrão
do BC, os agentes simularam
uma batida em seu carro,
dentro da garagem do prédio
onde ele vivia, e o pegaram.
Ao ser preso pelos federais, Silva disse que já havia
pago a policiais civis de São
Paulo mais de R$ 1,5 milhão
dos R$ 2,5 milhões que tinha
lucrado com o furto ao BC.
Silva também era conhecido como Tatuzão, isso por ser
especialista em cavar túneis.
Em 2001, foi ele quem ajudou
102 presos a fugir da extinta
Casa de Detenção, no Carandiru, zona norte paulistana.
SEQUESTROS E MORTES
De agosto de 2005, dia do
megafurto ao Banco Central
de Fortaleza, até hoje, a
maioria das 36 pessoas envolvidas diretamente no crime foi presa. Cerca de R$ 50
milhões foram recuperados.
Nesse meio tempo houve
execuções e sequestros de
membros da quadrilha. Todos queriam uma parte dos
quase R$ 165 milhões.
O terceiro articulador do
grupo, Luiz Fernando Ribeiro, foi sequestrado e morto
por policiais civis paulistas
dois meses após o furto.
Os familiares de Ribeiro
chegaram a pagar R$ 2,1 milhões de resgate aos sequestradores. Seu corpo, no entanto, foi encontrado dias depois na cidade de Camanducaia, em Minas Gerais.
Anselmo Oliveira Magalhães, 32, o Cebola, e o mecânico Evandro José das Neves,
37, o Botina, também ligados
ao megafurto ao Banco Central de Fortaleza, foram mortos na Grande São Paulo.
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