São Paulo, domingo, 06 de junho de 2010

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PF também pôs agente em padaria paulistana

Café da manhã de um dos chefes do megafurto foi servido por infiltrado

Polícia tinha dúvidas se o homem que ia todos os dias ao lugar para tomar café era mesmo um dos envolvidos no crime


Neysla Rocha - 10.ago.2008/"Diário do Nordeste"
Policial mostra parte do dinheiro que foi recuperado após mega furto de R$ 164,8 milhões ao Banco Central de Fortaleza

DE SÃO PAULO

Os cafés matinais em uma padaria na Vila Mariana, na zona sul de São Paulo, eram servidos por um algoz, mas Moisés Teixeira da Silva, conhecido como Cabelo, nunca desconfiou de nada. Ao contrário, até se sentia seguro.
Considerado pela Polícia Federal um dos dois chefes da ala paulista da quadrilha que furtou os R$ 164,8 milhões do Banco Central de Fortaleza, Silva foi um dos criminosos mais procurados do Brasil até 31 de julho de 2009, quando acabou preso.
Para chegar a Silva, que vivia num confortável apartamento na zona sul, a Polícia Federal também adotou a técnica de infiltrar agentes.
Sem nem mesmo que os donos e responsáveis pela padaria frequentada por Silva soubessem, um policial se candidatou ao trabalho de copeiro e, por cerca de 15 dias, serviu o procurado.
Até a infiltração do agente entre os funcionários da padaria, a PF tinha dúvida se o homem que ia diariamente ao lugar para tomar café da manhã era ou não Silva.
O procurado havia feito implante de cabelo e uma pequena plástica no pescoço.
Quando o atendente infiltrado conseguiu fazer imagens que deram à PF a certeza de que Silva era o ladrão do BC, os agentes simularam uma batida em seu carro, dentro da garagem do prédio onde ele vivia, e o pegaram.
Ao ser preso pelos federais, Silva disse que já havia pago a policiais civis de São Paulo mais de R$ 1,5 milhão dos R$ 2,5 milhões que tinha lucrado com o furto ao BC.
Silva também era conhecido como Tatuzão, isso por ser especialista em cavar túneis. Em 2001, foi ele quem ajudou 102 presos a fugir da extinta Casa de Detenção, no Carandiru, zona norte paulistana.

SEQUESTROS E MORTES
De agosto de 2005, dia do megafurto ao Banco Central de Fortaleza, até hoje, a maioria das 36 pessoas envolvidas diretamente no crime foi presa. Cerca de R$ 50 milhões foram recuperados.
Nesse meio tempo houve execuções e sequestros de membros da quadrilha. Todos queriam uma parte dos quase R$ 165 milhões.
O terceiro articulador do grupo, Luiz Fernando Ribeiro, foi sequestrado e morto por policiais civis paulistas dois meses após o furto.
Os familiares de Ribeiro chegaram a pagar R$ 2,1 milhões de resgate aos sequestradores. Seu corpo, no entanto, foi encontrado dias depois na cidade de Camanducaia, em Minas Gerais.
Anselmo Oliveira Magalhães, 32, o Cebola, e o mecânico Evandro José das Neves, 37, o Botina, também ligados ao megafurto ao Banco Central de Fortaleza, foram mortos na Grande São Paulo.


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