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LIXO
Média mensal passou de 0,6 multa em 98 para 58, em 99; explosão ocorreu em abril, após denúncias da máfia
Multas do lixo sobem 95 vezes após denúncia
SÍLVIA CORRÊA
da Reportagem Local
O número de multas aplicadas às
empresas de limpeza pública de
São Paulo explodiu depois que
surgiram as primeiras denúncias
de que o sistema é um dos mais lucrativos filões da máfia da propina.
Nos cinco primeiros meses deste
ano, 291 autuações foram aplicadas por descumprimento das regras contratuais. Em 97, primeiro
ano da gestão de Celso Pitta (sem
partido), foram 26. Em todo o ano
passado, apenas oito.
Comparados os dados de 98 e 99,
a média mensal cresceu 95 vezes
-passou de 0,6 para 58 multas.
Os números são oficiais. Analisados, eles mostram que o salto ocorreu entre março e abril deste ano,
exatamente após a divulgação das
fraudes do sistema de limpeza.
No dia 8 de março, a Folha informou como a rede funcionava: as
empresas de lixo pagavam propina
para que os funcionários das regionais liberassem o pagamento de
serviços não realizados. Até então,
22 multas haviam sido aplicadas.
Um mês e meio depois, eram 173.
Fiscalização
A fraude proliferou no espaço
aberto pela ausência de fiscalização. Foi isso o que disseram à polícia os fiscais das regionais.
Responsáveis pela verificação
dos serviços das concessionárias,
esses funcionários públicos admitiram não conhecer os contratos
de limpeza e confirmaram que costumavam liberar os pagamentos
com base nos serviços que as empresas diziam ter realizado.
Isso continuou acontecendo
mesmo depois que a Logos Engenharia, empresa contratada pela
prefeitura para gerenciar o sistema, mostrou em relatórios que as
empresas deixavam de executar
13% da varrição que declaravam.
Os relatórios foram feitos de
março de 96 a junho de 97, mas a
prefeitura continuou pagando pelos serviços. Segundo o poder público, a Logos não tinha poder de
fiscalização, e os problemas não
haviam sido detectados pelos funcionários das regionais -que hoje
admitem que não fiscalizavam.
Apesar dos indícios de que a fiscalização não existia, a prefeitura
sustenta que ela apenas foi intensificada, aumentando as multas.
O que o poder público chama de
intensificação, porém, nada mais é
do que o cumprimento de regras
fixadas nos contratos de limpeza e
a adoção de medidas que estão
sendo cobradas pelo TCM (Tribunal de Contas do Município) desde
96. Uma delas é a padronização
dos procedimentos de fiscalização.
Economia
Segundo a própria prefeitura, depois da citada intensificação da fiscalização, quase todas as multas
aplicadas às empresas se referem à
varrição não executada.
Cada uma delas custa R$ 344. Isso significa que já entraram nos
cofres públicos cerca de R$ 97,3
mil a mais do que em todo o ano
passado, além dos milhões que
deixaram de sair para pagar o que
não foi feito na cidade.
O secretário das Administrações
Regionais, Domingos Dissei, estima que os pagamentos barrados já
cheguem à casa dos R$ 10 milhões.
Segundo ele, o dinheiro deixou
de ser repassado às empresas ou
porque o trabalho não foi realizado ou porque elas queriam receber por quantidades (km, toneladas, número de equipes etc.)
maiores do que as previstas.
Nesse ritmo, até o final do ano, a
prefeitura chegará a 700 multas,
arrecadará R$ 240,8 mil e descontará R$ 24 milhões pelas fraudes
-10% da verba da varrição.
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