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SEGURANÇA
Fragmento estava no material recolhido no cemitério clandestino da favela da Grota (zona norte do Rio) no mês passado
Exame identifica costela de Tim Lopes
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
A polícia do Rio confirmou oficialmente ontem a morte do jornalista Tim Lopes. Exames de DNA feitos em 41 fragmentos de ossos, encontrados no cemitério
clandestino da favela da Grota (complexo do Alemão, zona norte do Rio) no mês passado, concluíram que uma costela pertencia ao corpo do jornalista.
"Já temos a comprovação científica, por meio de exame de
DNA, de que parte dos restos
mortais são de Tim Lopes. Com
isso, declaramos oficialmente a
sua morte e a família poderá realizar o sepultamento", declarou o
delegado Zaqueu Teixeira, chefe
da Polícia Civil.
De acordo com Teixeira, a costela estava em meio aos pedaços
de corpos recolhidos ao lado de
uma microcâmera da TV Globo e
de objetos pessoais de Lopes.
A polícia ainda não conseguiu
prender o traficante Elias Pereira
da Silva, o Elias Maluco, apontado
como o principal responsável pelo assassinato do jornalista.
De acordo com Teixeira, dos oito suspeitos de terem participado
do assassinato, quatro foram presos e confessaram o envolvimento no crime.
O delegado não deu informações sobre a tática adotada pela
polícia para prender Elias Maluco
e sua quadrilha. "Estamos trabalhando. No entanto, se falar como
estou agindo, não vou conseguir
prendê-lo", disse.
À solta
Investigações da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes)
indicam que Elias Maluco está circulando por favelas controladas
pela facção criminosa CV (Comando Vermelho).
O traficante é apontado pela polícia como o principal líder da facção em liberdade.
O chefe da Polícia Civil afirmou
que o inquérito sobre a morte do
jornalista, que seria concluído ontem, será prorrogado por 30 dias.
Apesar de dizer que não tem dúvidas sobre a autoria do crime, ele
afirmou que pretende reunir mais
provas contra os assassinos.
O delegado anunciou que a polícia aguarda receber da TV Globo
uma agenda, um caderno de anotações e um celular usados por
Lopes. Segundo ele, o material
poderá trazer informações importantes para a investigação.
Lopes foi morto no dia 2 de junho quando fazia uma reportagem para a Globo sobre um baile
funk na favela Vila Cruzeiro (Penha, zona norte).
No baile, haveria consumo de
drogas e sexo explícito com menores de 18 anos. O jornalista tinha 51 anos.
Segundo a polícia, Lopes foi
capturado pelo bando de Elias
Maluco, sendo torturado, "julgado" e morto. Seu corpo foi esquartejado, queimado e enterrado no alto da favela da Grota.
Mais corpos
Restos de três outros corpos
(dois homens e uma mulher) foram encontrados entre os 41 fragmentos de ossos analisados pelo
laboratório Sonda, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a pedido da polícia.
De acordo com a polícia, os restos mortais devem pertencer a desaparecidos na região.
Levantamento da Delegacia de
Homicídios revela que, nos últimos dois anos, pelo menos 60
pessoas sumiram na região
abrangida pelos bairros de Bonsucesso, Penha, Olaria e Ramos,
onde ficam o complexo do Alemão e a Vila Cruzeiro, redutos de
Elias Maluco.
O coordenador do laboratório
Sonda, Franklin Rumjanek, disse
que a identificação da costela como sendo do jornalista só foi possível porque ela estava presa a um
pedaço de tecido muscular, o que
facilitou o exame de DNA.
Comparação
Para realizar o teste, foram recolhidas amostras de sangue da mãe
de Lopes, Maria do Carmo Lopes,
e do filho Bruno.
O coordenador informou que
existem outros cem fragmentos
de ossos recolhidos no cemitério
clandestino e que estão sendo
analisados pelo laboratório.
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