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COMÉRCIO IRREGULAR
25 de Março tem 6 vezes mais camelôs
que o permitido
UIRÁ MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Três dias após a publicação de
uma lei que regulamenta a fiscalização dos camelôs na cidade de
São Paulo, o número de ambulantes na rua 25 de Março (região
central) era quase seis vezes maior
do que o autorizado. Por volta das
13h de ontem, em vez dos 81 permitidos, havia 551 camelôs.
Situação parecida pôde ser observada em outras vias da região
central percorridas pela reportagem na tarde de ontem. Na rua
Carlos de Souza Nazareth (travessa da 25 de Março), são autorizados 17 camelôs -havia 88. Na rua
Dom José de Barros havia 102,
mas apenas 41 são permitidos; na
rua 24 de Maio, eram 112, sendo
autorizados 32; e na rua Sete de
Abril, embora não sejam autorizados camelôs, havia 31.
De produtos pirateados -como CDs e DVDs- a roupas, passando por brinquedos, bugigangas e alimentos, a combinação de
grande oferta com preços baixos
atrai uma multidão de compradores que circulam em volta das barracas e tornam a rua 25 de Março
uma verdadeira feira livre.
Na 25 de Março, além das
calçadas, parte da rua está tomada
por camelôs -o que prejudica tanto o trânsito de pedestres quanto o de automóveis. Em ruas próximas, também é difícil caminhar.
Mesmo entre os ambulantes é
possível identificar uma diferença
de classes. Em cima da calçada ficam as barracas, montadas em estrutura de madeira ou alumínio e,
em geral, cobertas por uma lona
azul. Encostados nas paredes, são
montados os suportes, mais modestos. E, sobre o asfalto, apoios
improvisados ou panos estendidos ajudam a exibir a mercadoria
dos menos abonados.
Segundo a assessoria de imprensa da Subprefeitura da Sé
-que é responsável pela fiscalização de ambulantes na região
central-, os dois últimos tipos de
camelôs são os mais difíceis de serem fiscalizados porque podem
pegar as mercadorias e fugir do
local com muita rapidez.
Apesar das dificuldades e do
grande número de camelôs ilegais
que vendiam produtos na tarde
de ontem, a Subprefeitura da Sé
informou que a situação era melhor do que na semana passada.
Isso porque alguns trechos da rua
25 de Março que estão em obras
não tinham nenhum ambulante.
De acordo com a assessoria de
imprensa, após a conclusão das
obras, o objetivo é conseguir permitir apenas a presença dos camelôs com TPU (Termo de Permissão de Uso, obrigatório para
trabalhar como ambulante). Segundo a subprefeitura, há 1.244
camelôs autorizados e cerca de
mil ilegais na região central.
A TPU autoriza uma pessoa a
trabalhar como ambulante. É
concedida pela subprefeitura
após cadastramento e obedece
uma ordem de prioridade.
Em primeiro lugar, ela é concedida a deficientes físicos graves e
dá direito a dois auxiliares. Depois, a deficientes físicos leves e
sexagenários -ambos com direito a um ajudante. Por fim, recebem a TPU ambulantes sadios,
que não têm direito a auxiliar.
Segundo os camelôs, as barracas legalizadas são alugadas por
quem tem a TPU. "Eles cobram
até R$ 500 por semana de quem
quiser usar o espaço", disse um
ambulante que preferiu não se
identificar.
A assessoria de imprensa da
Subprefeitura da Sé informou que
esse tipo de denúncia é comum e
que, quando há confirmação, a
TPU é cassada.
A partir da segunda quinzena
de julho, a responsabilidade pela
fiscalização de ambulantes será da
GCM (Guarda Civil Metropolitana). Segundo o secretário municipal de Segurança Urbana, Benedito Mariano, a GCM só estará preparada para fiscalizar quando a
superintendência (prevista pela
lei, vai coordenar e planejar a fiscalização de serviços ambulantes)
estiver formalizada. "Por enquanto, a fiscalização continua sob responsabilidade da subprefeitura."
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