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Estado faz vista
grossa, afirma pesquisador
DA SUCURSAL DO RIO
A proliferação das facções
criminosas é resultado da
má administração e da precariedade dos sistemas penitenciários estaduais, de acordo com analistas.
Para o pesquisador Adenílson Duarte, da ONG Justiça Global, existe uma espécie
de acordo informal entre os
governos e os presos. "Para
evitar rebeliões, o Estado faz
vista grossa. Permite regalias, a entrada de celulares e
outras formas de comunicação em troca da paz. É um
modelo que possibilita a
criação de facções", disse.
Segundo ele, as rebeliões
só acontecem quando o interesse dos presos se sobrepõe
ao suposto acordo que teriam com o Estado.
Na opinião de Guaraci
Mingardi, diretor do Instituto Latino Americano das
Nações Unidas para a Prevenção do Delito e Tratamento do Delinqüente (Ilanud), os governos estaduais
têm adotado o lema "tranca
o pessoal [os presos] e deixe
que eles se virem lá dentro",
o que, segundo ele, significa
que não há controle.
Mingardi considera que a
divulgação das facções, principalmente pela imprensa,
facilita a criação de novos
grupos. "Um preso vê pela
televisão um detento se dizendo que é de uma facção,
acha bonito e quer imitar."
Segundo ele, os chefes de
facções criminosas fazem o
que querem: "Quando alguém morre na cadeia ou
comete um crime, é o pé-de-chinelo, é o réu primário".
Para José Vicente da Silva
Filho, ex-secretário nacional
de Segurança, "os presos
criam as facções para conseguir benefício. (...) Se as cadeias oferecessem conforto e
condições de recuperação,
as facções não existiriam".
O procurador-geral de Justiça de Minas e presidente do
Grupo Nacional de Combate
às Organizações Criminosas, Nedens Ulisses Freire
Vieira, disse que a transferência de presos do PCC levou à proliferação das facções pelo país.
O governo disse que tem
adotado medidas para diminuir a ação de grupos criminosos nas prisões, como o
RDD (Regime Disciplinar
Diferenciado), que isola presos considerados perigosos.
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