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GUARULHOS
Dos 21 vereadores da cidade, 18 são acusados em fita de vídeo de exigir dinheiro, cargos ou favores
Prefeito acusa Câmara de cobrar por apoio
da Reportagem Local
O Ministério Público de São
Paulo recebeu duas fitas de vídeo
em que o prefeito da cidade de
Guarulhos (Grande SP), Jovino
Cândido (PV), acusa 18 dos 21 vereadores da cidade de exigirem
dinheiro, cargos ou favores para
apoiá-lo.
As fitas foram gravadas nos dias
20 de dezembro de 1998 e 10 de
maio de 1999 pelo presidente da
Associação Comercial de Guarulhos, Luís Roberto Mesquita.
O prefeito não sabia que estava
sendo filmado. O deputado estadual Elói Pietá (PT) participou
das duas reuniões em que o prefeito fez as acusações.
As denúncias mais pesadas foram feitas contra os vereadores
Oswaldo Celeste, Geraldo Celestino, Obreiro Jackson, Sebastião
Alemão, Gilberto Penido, Silvana
Mesquita, Toninho Magalhães,
Peter Pong, Paulo Roberto, Waldomiro Ramos, Wanderley Figueiredo, Fausto Martello e Roberto Ribeiro.
Celeste, por exemplo, teria pedido R$ 40 mil mensais para apoiar
o prefeito na Câmara. Paulo Roberto teria exigido R$ 200 mil para aprovar o Orçamento da prefeitura de 1999.
Há ainda nas fitas menções aos
nomes de Alexandre Kise, Paulo
Carvalho, Edson Soltur, Edson
David e Victor Veronezi.
Apenas três vereadores não são
citados nas fitas pelo prefeito: Orlando Fantazzini, Edson Albertão
e Sandra Tadeu.
Procurado na tarde de ontem
pela Folha, o prefeito não quis comentar o assunto.
Por meio de sua assessoria de
imprensa, Cândido disse que vai
tratar do caso apenas quando for
chamado a depor pelo Ministério
Público ou pela polícia.
A mesma declaração foi dada na
última sexta-feira pelo prefeito na
Comissão Especial de Investigação aberta pela Câmara para tratar do assunto. Até então, a existência das fitas não tinha sido
anunciada publicamente.
Momento delicado
A cidade de Guarulhos, a segunda maior do Estado de São Paulo,
passava por uma situação de instabilidade política quando o prefeito reuniu-se pela primeira vez
com Mesquita e Pietá.
Eleito vice-prefeito, Cândido assumiu a prefeitura em setembro
de 98 quando Néfi Tales (PDT) foi
afastado do cargo pela Justiça por
improbidade administrativa (leia
texto ao lado).
Tales, entretanto, estava recorrendo da decisão, e tinha chances
de ser reconduzido ao cargo.
As fitas revelam que vereadores
estavam oferecendo ao prefeito
Cândido cassar Néfi Tales em troca de vantagens pessoais.
Tales acabou cassado em 23 de
dezembro do ano passado pela
Câmara Municipal.
"Pelas conversas de maio, acredito que ele não cedeu às exigências", diz o deputado Pietá.
Segundo o relato do prefeito, os
parlamentares garantiriam também a aprovação dos projetos na
Câmara se recebessem os favores
e a propina.
Dizendo estar se sentindo pressionado pelos parlamentares,
Cândido procurou o presidente
da associação comercial e pediu
que ele intermediasse um encontro com o deputado.
Após a segunda reunião, Pietá,
que havia anotado as acusações,
decidiu denunciar o caso ao Ministério Público.
"Na representação, relatei as denúncias mais graves, envolvendo
13 vereadores", afirmou o deputado.
Na próxima quinta-feira, Pietá e
o presidente da associação vão
depor ao delegado seccional da cidade de Guarulhos, Cláudio Gobetti.
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