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SEGURANÇA
Abel Silvério foi baleado quando passava por uma avenida; crime ocorre 9 dias após traficante ser assassinado na unidade
Diretor do presídio Bangu 3 é morto no Rio
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
O diretor do presídio de segurança máxima Bangu 3, Abel Silvério, foi assassinado por volta
das 19h50 de ontem na avenida
Brasil, na altura da Vila Kennedy
(zona oeste do Rio).
O crime ocorreu nove dias depois de o traficante Márcio Amaro de Oliveira, o Marcinho VP do
morro Dona Marta (zona sul), ter
sido encontrado morto dentro de
Bangu 3 e menos de duas semanas após o assassinato do coordenador de segurança do complexo
penitenciário de Bangu, Paulo
Roberto Rocha.
O subsecretário estadual de Segurança, Marcelo Itagiba, considerou a morte de Silvério um "fato lamentável" e disse que a secretaria só deverá se pronunciar oficialmente sobre o crime hoje.
Segundo a PM, Silvério estava
ao volante de seu Corsa na pista
sentido Santa Cruz (zona oeste)
da avenida Brasil. Quando passava em frente a um posto de gasolina, foi atacado por cinco homens
armados de fuzis, pistolas e escopetas que estavam em um Tempra preto e um Vectra.
O diretor de Bangu 3 foi atingido por dez tiros. O Corsa, desgovernado, bateu em um ônibus.
Silvério morreu na hora, mas os
criminosos continuaram atirando. Eles chegaram a trocar tiros
com policiais civis que passavam,
mas conseguiram fugir.
Até as 21h, a cúpula do sistema
penitenciário do Estado ainda
não sabia do crime. O subsecretário de Administração Penitenciária, Aldney Peixoto, disse que, por
volta das 19h, havia conversado
com Silvério pelo telefone.
Para ele, os assassinatos de Silvério e de Rocha podem representar uma mudança na estratégia do
tráfico contra as condições rigorosas de encarceramento que vêm
sendo impostas aos principais líderes das facções criminosas, presos no presídio de Bangu 1.
De acordo com o subsecretário,
em vez de promoverem ataques a
ônibus, hotéis e prédios públicos,
como ocorreu no ano passado e
no início deste ano, os traficantes
estariam planejando matar autoridades para obter mais liberdade
de comandar seus negócios de
dentro da cadeia.
O diretor de Bangu 3 havia prestado depoimento anteontem à
Corregedoria do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário) sobre a morte de Marcinho
VP. No depoimento, ele disse
acreditar que o traficante foi morto por causa dos seus relatos sobre
os bastidores do tráfico contidos
no livro "Abusado", do jornalista
Caco Barcellos. O presídio abriga
792 presos, todos ligados à facção
criminosa Comando Vermelho.
O assassinato do coordenador
de segurança do complexo penitenciário de Bangu, Paulo Roberto Rocha, 47, na noite do dia 24 de
julho, ocorreu em circunstâncias
semelhantes à de Silvério e no
mesmo local, a avenida Brasil.
Rocha saiu do trabalho e estava
ao volante do seu Gol quando, na
altura de Irajá (zona norte), foi alvejado por dois homens que estavam em uma motocicleta.
Segundo a família, ele vinha recebendo ameaças de morte de traficantes ligados à facção criminosa Terceiro Comando Puro desde
que passou a investigar, por conta
própria, a morte do irmão, Edmílson Antônio Rocha, ocorrida no
ano passado. A polícia ainda não
conseguiu esclarecer o crime.
A morte de Marcinho VP também continua sendo um mistério.
Seu corpo foi encontrado dentro
de uma lata de lixo no pátio de
Bangu 3, no dia 28 de julho, com
sinais de asfixia.
O preso Luiz Guilherme Soares,
o Smith, que estava em uma cela
vizinha, foi indiciado pela morte
de Marcinho VP. Apesar do indiciamento, a polícia não descartou
outras hipóteses para o crime.
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