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São Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2003

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SEGURANÇA

Abel Silvério foi baleado quando passava por uma avenida; crime ocorre 9 dias após traficante ser assassinado na unidade

Diretor do presídio Bangu 3 é morto no Rio

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

O diretor do presídio de segurança máxima Bangu 3, Abel Silvério, foi assassinado por volta das 19h50 de ontem na avenida Brasil, na altura da Vila Kennedy (zona oeste do Rio).
O crime ocorreu nove dias depois de o traficante Márcio Amaro de Oliveira, o Marcinho VP do morro Dona Marta (zona sul), ter sido encontrado morto dentro de Bangu 3 e menos de duas semanas após o assassinato do coordenador de segurança do complexo penitenciário de Bangu, Paulo Roberto Rocha.
O subsecretário estadual de Segurança, Marcelo Itagiba, considerou a morte de Silvério um "fato lamentável" e disse que a secretaria só deverá se pronunciar oficialmente sobre o crime hoje.
Segundo a PM, Silvério estava ao volante de seu Corsa na pista sentido Santa Cruz (zona oeste) da avenida Brasil. Quando passava em frente a um posto de gasolina, foi atacado por cinco homens armados de fuzis, pistolas e escopetas que estavam em um Tempra preto e um Vectra.
O diretor de Bangu 3 foi atingido por dez tiros. O Corsa, desgovernado, bateu em um ônibus. Silvério morreu na hora, mas os criminosos continuaram atirando. Eles chegaram a trocar tiros com policiais civis que passavam, mas conseguiram fugir.
Até as 21h, a cúpula do sistema penitenciário do Estado ainda não sabia do crime. O subsecretário de Administração Penitenciária, Aldney Peixoto, disse que, por volta das 19h, havia conversado com Silvério pelo telefone.
Para ele, os assassinatos de Silvério e de Rocha podem representar uma mudança na estratégia do tráfico contra as condições rigorosas de encarceramento que vêm sendo impostas aos principais líderes das facções criminosas, presos no presídio de Bangu 1.
De acordo com o subsecretário, em vez de promoverem ataques a ônibus, hotéis e prédios públicos, como ocorreu no ano passado e no início deste ano, os traficantes estariam planejando matar autoridades para obter mais liberdade de comandar seus negócios de dentro da cadeia.
O diretor de Bangu 3 havia prestado depoimento anteontem à Corregedoria do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário) sobre a morte de Marcinho VP. No depoimento, ele disse acreditar que o traficante foi morto por causa dos seus relatos sobre os bastidores do tráfico contidos no livro "Abusado", do jornalista Caco Barcellos. O presídio abriga 792 presos, todos ligados à facção criminosa Comando Vermelho.
O assassinato do coordenador de segurança do complexo penitenciário de Bangu, Paulo Roberto Rocha, 47, na noite do dia 24 de julho, ocorreu em circunstâncias semelhantes à de Silvério e no mesmo local, a avenida Brasil.
Rocha saiu do trabalho e estava ao volante do seu Gol quando, na altura de Irajá (zona norte), foi alvejado por dois homens que estavam em uma motocicleta.
Segundo a família, ele vinha recebendo ameaças de morte de traficantes ligados à facção criminosa Terceiro Comando Puro desde que passou a investigar, por conta própria, a morte do irmão, Edmílson Antônio Rocha, ocorrida no ano passado. A polícia ainda não conseguiu esclarecer o crime.
A morte de Marcinho VP também continua sendo um mistério. Seu corpo foi encontrado dentro de uma lata de lixo no pátio de Bangu 3, no dia 28 de julho, com sinais de asfixia.
O preso Luiz Guilherme Soares, o Smith, que estava em uma cela vizinha, foi indiciado pela morte de Marcinho VP. Apesar do indiciamento, a polícia não descartou outras hipóteses para o crime.


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