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São Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2003

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Marambaia preserva característica

DA SUCURSAL DO RIO

A praia da restinga da Marambaia guarda intactas as características ambientais encontradas pelos portugueses quando chegaram à região, no século 16.
A restinga é uma faixa de areia contínua, ladeada pelo oceano Atlântico e pela baía de Sepetiba, de 50 km de extensão. É formada por dunas e matas arbustivas. Vai da Barra de Guaratiba (zona oeste) à entrada da baía, já no município de Mangaratiba.
A 50 km do centro e a 20 km da praia da Barra da Tijuca, a restinga é controlada pelas Forças Armadas. O Exército ocupa 80% da área de 40 quilômetros quadrados. O resto do terreno é dividido entre a Aeronáutica e a Marinha.
A área da Marinha, que realiza o adestramento de tropas na restinga, foi frequentada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que passou temporadas de lazer no local em seus dois mandatos (1995-2002).

Testes
A Aeronáutica usa a restinga para testes eventuais. Não ocupa a área como o Exército, instalado ali desde 1944. A unidade do Exército no local, o Campo de Provas da Marambaia, testa armamentos. O banho de mar só é permitido nos primeiros 1.500 metros da praia, a partir do acesso por Barra de Guaratiba.
O comandante do Campo de Provas, general Aléssio Ribeiro Souto, disse à Folha que frequentam a praia as famílias de militares e moradores da região, desde que tenham o passe. A pesca de anzol também é permitida em trechos da praia. O pescador tem que ser credenciado pela unidade.
"Os frequentadores são nossos parceiros. Eles têm todo o interesse em preservar a restinga", disse o general, que assumiu o comando em abril deste ano.
Apesar dos testes militares, a restinga é um espaço semideserto. Cerca de 300 militares trabalham na área, mas só 48 habitam a vila residencial.
Nos manguezais da baía, vigiados pelos militares, a vida é abundante. As águas são ricas em peixes e crustáceos. Especialistas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) estudam os pássaros da região.
Coordenador do Flora no Litoral, projeto da Fundação Parques e Jardins da Prefeitura do Rio, o biólogo Luiz Roberto Zamith conta que são recolhidas na restinga sementes de espécies que já se extinguiram em outros pontos do litoral metropolitano. As sementes são plantadas em restingas degradadas pela ocupação urbana desordenada, como a da praia da Barra da Tijuca.
Há quatro anos, um curta-metragem realizado pelo Exército foi premiado na Itália. O filme compara a Marambaia com a Barra da Tijuca. Enquanto a restinga é mantida preservada, a Barra sofre com a ocupação caótica, a devastação das dunas e a poluição das lagoas. (ST)


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