|
Próximo Texto | Índice
SAÚDE
O caso foi notificado em maio, mas a contaminação foi em 2003, em Campinas, e teria sido detectada após exames de pré-natal
Mulher é infectada pelo HIV em transfusão
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
Uma mulher com idade entre 25
anos e 35 anos foi contaminada
pelo vírus HIV depois de ter recebido transfusão de sangue em
Campinas (95 km de São Paulo).
O caso foi notificado em maio
passado, mas a transfusão ocorreu em 2003. A contaminação só
teria sido detectada após a realização de exames de pré-natal.
Na investigação, os técnicos de
saúde não detectaram a presença
do vírus HIV no parceiro da mulher. Um outro caso de contaminação de uma mulher também de
Campinas, possivelmente por
transmissão via transfusão de
sangue, está sendo investigado
pelas autoridades de saúde do
município. Não há data para a
conclusão das apurações.
O caso confirmado só veio a público após uma entrevista da
coordenadora do Programa DST
Aids da Prefeitura de Campinas,
Maria Cristina Ilário, a um programa da EPTV, afiliada da "Rede
Globo". Ela disse que a notícia foi
divulgada "acidentalmente".
Na entrevista, a coordenadora
falava sobre outro tema, mas relacionado ao assunto. "Não há exigência em tornar os casos de contaminação públicos. O que tem de
ser feito é rastrear e tomar as medidas de segurança necessárias
para evitar contaminação de outras pessoas", afirmou ela.
Nem a coordenadora Ilário nem
a Secretaria da Saúde de Campinas divulgaram o local ou a data
em que foi realizada a transfusão
com o sangue contaminado.
A coordenadora informou que
todas as medidas de segurança foram tomadas "em tempo hábil",
assim que foi identificada a presença do vírus na bolsa.
Ilário disse que o Hemocentro
da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), considerado
referência no Estado de São Paulo, seria o responsável por descobrir de onde veio a bolsa com o
sangue usado na transfusão.
Hemocentro
O Hemocentro da Unicamp informou, por meio de nota oficial,
que não existe nenhuma relação
entre o caso da contaminação pelo HIV em transfusões e a instituição [Hemocentro]. "As pacientes
não foram transfundidas no Hemocentro da Unicamp, e as bolsas
de sangue não foram coletadas
pela instituição", diz a nota.
A coordenadora informou ainda que o doador do sangue contaminado teria passado por exames
antes da doação. "Todas as medidas foram tomadas em tempo hábil, mas os testes disponíveis no
banco de sangue não foram capazes de detectar a presença do vírus
na bolsa do doador", disse.
Ela exclui a possibilidade de a
bolsa com o sangue extraído da
pessoa que fez a doação ter sido
utilizada por outros pacientes.
A contaminação da mulher pode ter ocorrido em razão da chamada "janela imunológica". Ou
seja, o doador pode ter tido algum
comportamento de risco até três
semanas antes de doar o sangue.
Nesses casos, o teste pode não ter
detectado a presença do vírus pois
não haviam sido desenvolvidos
anticorpos no organismo da pessoa. "Neste ponto é que é importante a sinceridade do doador durante a entrevista antes da doação", afirma ela.
Esse foi o quarto caso confirmado de transmissão via transfusão
em 23 anos na cidade. O último
caso de contaminação por HIV na
cidade havia ocorrido em 1988.
O programa DST/Aids de Campinas informou que o doador do
sangue havia passado por exames
e a investigação feita após a contaminação não estabeleceu falha
humana ou falha nos testes. "A
bolsa [usada na transfusão] foi
rastreada e ninguém mais a utilizou", disse Ilário.
A Associação dos Hemofílicos
do Estado de São Paulo considerou "grave" a notícia da contaminação via transfusão e exigiu investigações e informações detalhadas sobre o caso.
O programa DST/Aids do Ministério da Saúde informou que,
de 1980 até junho de 2004, 2.059
pessoas contraíram o vírus HIV
no país por meio de transfusão.
No ano passado, até junho de
2004, foram registrados 18 casos
de contaminação via transfusão
-o que não indica que todos esses casos tenham ocorrido necessariamente naquele ano.
O programa destacou que não
há nenhum risco de contaminação para quem faz a doação sangüínea, que todos os testes são rigorosos e que incluem checagem
do sangue e entrevistas com os
doadores. No entanto, ainda não
há garantia de 100% nos testes.
Colaboraram MARTHA ALVES e RACHEL AÑÓN, da Agência Folha
Próximo Texto: Letras Jurídicas - Walter Ceneviva: Renúncia ao mandato para fugir da cassação Índice
|