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Para entidades, caso é retrocesso
DA AGÊNCIA FOLHA
Representantes de ONGs de
combate à Aids do Estado de São
Paulo consideraram a contaminação da mulher em Campinas
"um retrocesso na luta contra a
doença no país".
"Isso acontece no Estado de São
Paulo, o mais poderoso do Brasil.
É grave, porque aqui temos a garantia de um dos sangues mais seguros do mundo", afirmou José
Araújo, da Associação François
Xavier Bagnoud.
"[Esse caso] nos traz uma reflexão. Se isso acontece em São Paulo, imagine em outras regiões, no
Norte ou no Nordeste, por exemplo, onde em alguns locais nem
exame para testagem há."
De acordo com Araújo, mesmo
que seja "ponderada a existência
da famosa janela imunológica",
houve erro.
"Houve uma falha grande que a
gente precisa rever. Analisar como estão sendo feitas as entrevistas com os doadores, o tempo que
o sangue fica e como ele está sendo avaliado", disse.
O presidente do Instituto Vida
Nova e vice-presidente do Fórum
de ONG Aids do Estado de São
Paulo, Américo Nunes, concorda
com o colega.
Para ele, se houve contaminação foi por "falha humana". "Ela
(a mulher) tem que entrar com
uma ação na Justiça", afirma.
Araújo acredita ainda que o caso deixa a população "insegura".
Nunes afirma que haverá impacto
na doação de sangue, que já sofre
dificuldades no país.
"Não é uma simples fatalidade.
É questão de rever politicamente.
Acho que deve ser formada uma
equipe para investigar, com pessoas da sociedade civil, porque é
um crime. Alguém cometeu um
deslize", afirma Araújo.
Araújo também considera o fato de não haver exigência em tornar os casos públicos "uma grande besteira". "[A falta da exigência] coloca em dúvida a transparência do serviço público. Quando se tenta acobertar um caso ou
não dar o significado que ele merece [isso] é esconder da população um direito que ela tem. Isso
mostra uma ineficiência, uma incapacidade e uma falta de comprometimento com a saúde pública. Esse é um fato de interesse,
sim, e tem de vir à tona", diz.
(THIAGO REIS)
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