São Paulo, sábado, 06 de agosto de 2005

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Para entidades, caso é retrocesso

DA AGÊNCIA FOLHA

Representantes de ONGs de combate à Aids do Estado de São Paulo consideraram a contaminação da mulher em Campinas "um retrocesso na luta contra a doença no país".
"Isso acontece no Estado de São Paulo, o mais poderoso do Brasil. É grave, porque aqui temos a garantia de um dos sangues mais seguros do mundo", afirmou José Araújo, da Associação François Xavier Bagnoud.
"[Esse caso] nos traz uma reflexão. Se isso acontece em São Paulo, imagine em outras regiões, no Norte ou no Nordeste, por exemplo, onde em alguns locais nem exame para testagem há."
De acordo com Araújo, mesmo que seja "ponderada a existência da famosa janela imunológica", houve erro.
"Houve uma falha grande que a gente precisa rever. Analisar como estão sendo feitas as entrevistas com os doadores, o tempo que o sangue fica e como ele está sendo avaliado", disse.
O presidente do Instituto Vida Nova e vice-presidente do Fórum de ONG Aids do Estado de São Paulo, Américo Nunes, concorda com o colega.
Para ele, se houve contaminação foi por "falha humana". "Ela (a mulher) tem que entrar com uma ação na Justiça", afirma.
Araújo acredita ainda que o caso deixa a população "insegura". Nunes afirma que haverá impacto na doação de sangue, que já sofre dificuldades no país.
"Não é uma simples fatalidade. É questão de rever politicamente. Acho que deve ser formada uma equipe para investigar, com pessoas da sociedade civil, porque é um crime. Alguém cometeu um deslize", afirma Araújo.
Araújo também considera o fato de não haver exigência em tornar os casos públicos "uma grande besteira". "[A falta da exigência] coloca em dúvida a transparência do serviço público. Quando se tenta acobertar um caso ou não dar o significado que ele merece [isso] é esconder da população um direito que ela tem. Isso mostra uma ineficiência, uma incapacidade e uma falta de comprometimento com a saúde pública. Esse é um fato de interesse, sim, e tem de vir à tona", diz.
(THIAGO REIS)

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