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Anvisa vai criar cadastro de embriões
Agência abriu consulta pública em seu site para que a população possa enviar sugestões e críticas sobre as regras até o dia 28
Objetivo da medida é regulamentar, facilitar e acompanhar as pesquisas feitas com células-tronco embrionárias no Brasil
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária) abriu
uma consulta pública para que
a população opine sobre as regras do Cadastro Nacional de
Embriões Humanos que deverá ser colocado em prática nos
próximos meses. Sugestões e
críticas sobre as regras podem
ser enviadas até o dia 28.
A criação do cadastro nacional é uma exigência prevista na
Lei de Biossegurança, sancionada pelo presidente Lula em
março do ano passado.
A lei permite a pesquisa em
células-tronco de embriões obtidos por fertilização in vitro
que não serão mais utilizados e
que estejam congelados há
mais de três anos.
Mas, para que os estudos sejam feitos, os pais devem autorizar expressamente a realização da pesquisa.
Controle
Atualmente a Anvisa não
possui nenhum controle sobre
a quantidade de embriões congelados no país, nem ao menos
quantos deles foram disponibilizados para pesquisa. Ao todo
são cerca de 120 clínicas de reprodução, 58 delas filiadas à
Rede Latino Americana de Reprodução Assistida.
Sem o controle de número de
embriões, os pesquisadores
que querem fazer algum estudo
precisam entrar em contato direto com as clínicas e solicitar
os embriões.
Pelo novo regulamento da
Anvisa, todos os embriões receberão um código nacional, que
representará sua identificação
única em todo o país.
Esse código acompanhará o
embrião desde o seu congelamento até a sua utilização e deverá conter seu Estado de origem, sua identificação pessoal,
o registro da clínica onde ele estava armazenado e a sua disponibilidade ou não para pesquisas. Assim, pretende-se regulamentar, facilitar e acompanhar
as pesquisas com células tronco embrionárias no país.
A geneticista Lygia da Veiga
Pereira considera interessante
a criação do cadastro único e
acha que ele poderá ajudar os
pesquisadores a encontrar
mais rapidamente a clínica
adequada para a realização das
pesquisas. "Hoje o contato é informal. Os pesquisadores saem
ligando para as clínicas para
tentar encontrar algum embrião com mais de três anos
disponível. Talvez esse cadastro nacional facilite esse processo", disse.
Maria do Carmo Borges de
Souza, presidente da Sociedade
Brasileira de Reprodução Assistida, disse ser favorável à
criação do cadastro.
"A Anvisa quer e precisa saber quem são essas clínicas de
reprodução, quantos embriões
elas possuem e qual será o destino dado a eles. As maiores clínicas já fazem esse cadastro e o
remetem para a Rede Latino
Americana de Reprodução Assistida, mas isso acontece de
forma generalizada", disse.
Para ela, o único fator que pode complicar um pouco as clínicas é ter de fazer o registro de
cada embrião individualmente.
O médico Eduardo Pandolfi
Passos, da clínica de reprodução Segir, tem 250 embriões
congelados. Ele concorda com
a criação do cadastro, mas acha
que o controle deveria ser ainda maior. "A Anvisa deveria
acompanhar o sucesso dos tratamentos feitos."
Já o médico Selmo Geber,
que tem em sua clínica (Origen) cerca de 2.500 embriões
congelados, disse não entender
para que servirá o cadastro.
"Por que a Anvisa precisa saber
quantos embriões eu tenho?
Para fazer pesquisa é preciso
que os pais autorizem. A Anvisa
não precisa controlar isso."
Os interessados em opinar
sobre as regras do cadastro nacional de embriões podem
acessar www.anvisa.gov.br.
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