São Paulo, segunda-feira, 06 de agosto de 2007

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Falha humana é causa da maioria dos acidentes, diz Aeronáutica

DA REPORTAGEM LOCAL

A Aeronáutica considera que as investigações de acidentes no Brasil e no mundo têm cumprido seu objetivo -e que um exemplo disso seriam as inovações criadas ao longo das décadas, como a caixa-preta, e a diminuição de ocorrências.
Nos últimos 17 anos, segundo a Aeronáutica, a quantidade de acidentes no país caiu 71% -de 118 para 34 casos. No período, a frota de aviões aumentou 49%.
Os relatórios de investigação do Cenipa de 629 acidentes da aviação civil entre 1997 e 2006 mostram que as falhas humanas predominam e se repetem entre os fatores contribuintes.
O julgamento deficiente de uma condição de vôo esteve presente em 51% dos casos.
Os problemas de manutenção aparecem na sétima posição, com participação de 18%.
O fato de algumas causas se repetirem com freqüência não seria um indicativo de que as investigações não estão cumprindo totalmente seu papel de prevenir novos acidentes?
Para a Aeronáutica, não, porque cada ocorrência tem seu contexto. "Não se pode considerar apenas a repetição de alguns fatores contribuintes de modo isolado. Cada caso deve ser considerado com suas particularidades para que a avaliação do acidente seja fidedigna", diz uma nota do centro de comunicação social do órgão.
A tragédia do Airbus-A320 da TAM, em Congonhas, apresentou características que já tinham se repetido em outros acidentes com esse modelo de aeronave, como a presença de um reversor (auxiliar do sistema de frenagem) travado e da posição incorreta do manete.
O especialista Peter Ladkin, professor da Faculdade de Tecnologia da Universidade de Bielefeld, na Alemanha, também encontrou problemas no manual da Airbus.
Ladkin, que estuda há 14 anos ocorrências específicas do Airbus-A320, já listou casos em que problemas semelhantes se repetiram, como nas Filipinas, em 1998, nos EUA, em 2002, e em Taiwan, em 2004.
"Isso pode ensejar uma falha de projeto, que tem de ser modificado", avalia Antonio Junqueira, ex-chefe do Cenipa.
A Folha procurou representantes da Anac e do Snea (sindicato das empresas aéreas).
A assessoria da agência disse que não tinha nada a declarar, mas citou que Junqueira exerceu a chefia do Cenipa na gestão Fernando Henrique e que seu contrato de trabalho ao órgão já não existe mais.


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