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HELENA PORTUGAL ALBUQUERQUE (1923-2008)
A vida entre os Jardins e o voluntariado
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Como fazia uma vez por semana, Helena Albuquerque deixou sua casa no Jardim Paulistano e chegou ao Tremembé, a motorista ao volante, para sua palestra de 15 minutos "sobre o tema do momento", na Associação Mutirão do Pobre, da qual era tesoureira. Foi ela começar a comentar a coluna de Danuza Leão na Folha sobre a primeira-dama para surgir um debate ferrenho sobre a ocupação de Marisa Letícia. E Helena adorava.
Por décadas se dedicou ao trabalho voluntário, desde que o quarto filho entrou para a escola. Casada aos 19, quando largou a faculdade de matemática, passou a cuidar da família e dos moradores da periferia.
Neta de fazendeiros e filha de engenheiro, nasceu em São Paulo, estudou com Paulo Autran e cresceu fazendo passeios noturnos na av. Paulista, no tempo em que se sabia quem morava em cada um dos belos casarões. Contava ainda sobre as viagens com o marido arquiteto -em uma delas conheceu o paisagista Burle Marx, que, dizia, passou a madrugada a brincar de esconder os sapatos dos hóspedes.
"Tinha o dom de sintetizar uma conversa em duas palavras", diz a filha. Viúva, tinha seis netos e dois bisnetos. Morreu sexta, aos 84, de infarto. A missa de sétimo dia será amanhã, às 11h, na igreja Nossa Senhora do Brasil. Ao lado, o parque Ibirapuera perde alguém que, mesmo de bengala, lá ia, todo dia, fazer sua caminhada.
obituario@folhasp.com.br
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