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MANÍACO DO PARQUE
Motoboy afirmou que é inocente e, como prova, diz que devolveu ex-namorada "inteira" ao pai
"Já tive centenas, milhares de mulheres", diz
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Porto Alegre
Francisco de Assis Pereira, acusado de ser o "maníaco do parque", declarou ontem em Itaqui
(RS) que já teve "centenas, milhares de mulheres".
Dizendo-se inocente o tempo todo, Pereira admitiu ter tido um caso com Isadora Fraenkel, que está
desaparecida. Ele disse que a conheceu em São Vicente (SP) e que
comunicou a polícia paulista o seu
desaparecimento. Para Pereira,
Isadora sumiu porque se "envolveu com o tráfico de drogas".
Na entrevista, exclusiva à Folha,
o motoboy disse ter namorado
uma jovem chamada Cristiane,
que vivia em Diadema. Quando
romperam, ele alega, como prova
da inocência, que procurou o pai
da moça e a devolveu, "inteira".
A seguir, trechos de seu depoimento à Agência Folha, em Itaqui.
INOCÊNCIA - "Estou com a
consciência limpa. A lei que o ser
humano faz é podre. É a lei mais
podre, que o ser humano coloca
entre canetas, papéis. Conheci um
motoqueiro, pai de família, que foi
preso por seis meses. Depois falaram que ele não era culpado, que
era engano. Comigo pode acontecer daí para pior. A coisa está preta
para meu lado. O mundo inteiro
está sabendo. Não entendo a lógica do ser humano. Se é punir, pune. Se vai me matar, mata. Não
posso falar de algo que não fiz."
MULHERES MORTAS - "Fazer
esse tipo de besteira jamais passou
pela minha cabeça, tirar a vida de
um ser humano. É ridículo. É barbárie."
FAMÍLIA - "Minha família pode
imaginar que eu matei, porque
viajei. Não dou satisfação a eles."
RG DE VÍTIMA - A carteira de
uma das mulheres mortas foi
achada na empresa em que ele trabalhava. Segundo ele, muita gente
entra e sai da empresa sem controle. "O lugar é de fácil acesso, qualquer um entra lá. Tive inclusive
objetos meus roubados."
NAMORADAS - "Tive centenas,
milhares de mulheres."
JANETE - "Tirei a virgindade da
Janete. Não querendo parecer gostosão, mas ela foi noiva, depois
desmanchou e quis voltar pra
mim."
CRISTIANE, A EX-NAMORADA -
"Aqui está sua filha, inteira, viva", ao "devolver" ao garota ao
seu pai, identificado como Odilon.
PARQUE DO ESTADO - Na primeira vez, Pereira disse que conhecia o local desde os 16 anos,
"de ponta a ponta". Depois, declarou que falava do parque do
Ibirapuera, onde patinava. Garantiu só conhecer o parque do Estado, local dos crimes, "de passagem", sem nunca ter estado lá, só
ou acompanhado de namoradas.
SUICÍDIO Uma marca em seu
pescoço, segundo Pereira, era o sinal deixado por um cadarço que
amarrou na grade da cela da delegacia de Itaqui, na madrugada,
tentando cometer suicídio. Ele
disse que o ato não se consumou
porque o cordão se rompeu.
O delegado Raul Fernando da
Silva Bósio, para quem Pereira depôs, soube da história e se fechou
na sala do aeroporto de Uruguaiana (RS) com o rapaz para averiguar. Após alguns instantes, chamou a reportagem da Agência Folha e perguntou a Pereira a origem
do sinal no pescoço. Mudando a
versão anterior, ele disse que a
marca havia sido causada por um
cipó que o atingiu quando estava
numa mata em Alvear (Argentina). Questionado pela Agência
Folha sobre a declaração anterior,
ele reiterou que a marca decorria
do ferimento com um cipó.
Anteriormente às declarações,
ele se submeteu a exame de corpo
de delito e nenhum ferimento grave foi constatado pelo médico legista, de acordo com a polícia.
PATINAÇÃO - O acusado disse
ser "federado" do Palmeiras como patinador. Declarou que deixou o emprego em São Paulo por
gostar de viajar e porque queria
participar de campeonato de patins na Argentina e no Chile.
Na bagagem, no entanto, não
havia patins nem capacete. Pereira
disse que deixou o equipamento
na casa de um tio, em Amambaí
(MS), pois fora advertido pela polícia do Paraguai que não poderia
viajar com esse equipamento.
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