São Paulo, quinta, 6 de agosto de 1998

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MANÍACO DO PARQUE
"Só fico tranquila quando ele confessar tudo', diz mãe; pai de outra vítima diz que Francisco é "besta humana'
Entrevista deixa mãe de vítima revoltada

da Reportagem Local

Maria de Lourdes Queiroz, mãe de Selma, uma das jovens encontradas mortas na mata do parque do Estado, disse estar revoltada com a entrevista que Francisco de Assis Pereira, suspeito dos assassinatos, deu à TV ontem à tarde.
"Se colocassem esse cara na minha frente, não sei o que seria capaz de fazer. A conversa dele me irritou. O que mais incomodou foi a cara de cínico ao dizer que não era culpado pelos crimes," disse.
Ela disse ainda ter ficado incomodada quando Pereira negou que a carteira de identidade de Selma, encontrada no vaso sanitário da firma onde ele trabalhava, fosse uma prova de que ele tinha relação com a morte da garota.
Pereira disse que ia muita gente ao local onde trabalhava e que outra pessoa poderia ter jogado a carteira no vaso sanitário.
"Se não foi ele, por que fugiu e estava tão longe? Uma pessoa que não deve não foge. Só vou me sentir mais tranquila quando ele confessar tudo", disse.
Serafim Francisco da Silva, 65, pai de Elizângela, pediu que a Justiça seja eficiente e que prendam Pereira, em entrevista à Folha, ontem à tarde, após o enterro de Elizângela em Londrina (PR).
Elizângela desapareceu em 9 de maio e seu corpo foi encontrado em 28 de julho no parque.
"Tem de ter Justiça eficiente e que dê uma prensa nele. Que o coloquem junto com os presos "bonzinhos', que gostam de estupradores", disse.
Segundo Isabel Assunção, 19, prima de Elizângela, a família toda ainda estava abalada e Maria Ferreira da Silva, mãe da jovem morta, descansava sob sedativos.
Ligia Crescêncio, 35, prima de Raquel Mota Rodrigues, a primeira vítima encontrada morta no parque do Estado, disse estar mais tranquila com a prisão de Pereira.
Raquel veio para São Paulo em 1997 para trabalhar e ajudar os pais que moram em Gravataí (RS). Desde abril do ano passado, ela morava na casa de Ligia. Raquel desapareceu no dia 10 de janeiro e seu corpo foi encontrado seis dias mais tarde.
Ligia disse esperar que Pereira fique preso, e que, caso necessite de tratamento mental, receba desde que a população fique em segurança. "Não desejo violência com ele. Já houve violência demais nesse caso", afirmou.
O vendedor Moisés Martins Filho, pai da professora de dança Michele dos Santos Martins, 20, que desapareceu no dia 11 de abril, disse ontem que Francisco Pereira é uma "besta humana".
"Mas eu não quero falar da prisão desse indivíduo enquanto não tiver certeza que o corpo encontrado é o de minha filha", disse.
O IML ainda não finalizou laudo que concluirá se o corpo achado no parque em maio é o da professora.



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