São Paulo, quinta, 6 de agosto de 1998

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FAVELA NAVAL
Defesa quis suspender julgamento em SP
Rambo é condenado a quase quatro anos

ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local

O ex-PM Otávio Lourenço Gambra, o Rambo, acusado de envolvimento no caso da favela Naval, em Diadema (Grande SP), foi condenado ontem a três anos e oito meses de detenção pela 1ª Auditoria da Justiça Militar de São Paulo.
Gambra e outros nove ex-policiais foram flagrados por um cinegrafista, em março de 97, espancando pessoas que passavam em uma rua da favela. O conferente Mário Josino foi morto no bloqueio. Gambra é acusado de ser o autor do tiro.
O ex-PM foi condenado a um ano pelo crime de prevaricação -por não ter encaminhado à delegacia um motorista sem habilitação parado no bloqueio policial.
Ele foi condenado ainda a um ano pela participação no espancamento do músico Silvio Calixto. Na fita, Gambra aparece dando um cassetete para o ex-PM Nélson Soares da Silva Júnior continuar as agressões contra o músico.
Gambra recebeu ainda um ano de detenção pelos golpes contra Jefferson Caputi. A Gambra foi imposta ainda a pena de oito meses pela co-autoria na agressão contra Antonio Carlos Dias. O regime determinado para o cumprimento da pena foi o semi-aberto.
O julgamento de ontem -que levou 12 horas e 30 minutos- aconteceu após três adiamentos provocados pela defesa do réu. A sentença foi lida às 22h45 pelo presidente do Conselho Especial de Justiça da 1ª Auditoria, coronel José Flávio Turessi.
O advogado de Gambra, Gamalher Corrêa, argumentou que seu cliente foi vítima de um "crime preparado, arquitetado" para pegá-lo, assim como os outros nove PMs envolvidos no episódio.
Corrêa alegou que as vítimas dos espancamentos sabiam que a operação bloqueio estava sendo filmada. Segundo ele, o objetivo era retirar os PMs do local para que o tráfico na favela não fosse prejudicado.
Antes de entrar na defesa específica de seu cliente, Corrêa alegou 11 motivos para a suspensão ou anulação do julgamento. Todos eles foram refutados pelo Conselho Especial de Justiça -que é formado por quatro juízes militares e um juiz auditor.
O conselho acatou a denúncia das promotoras Nilza Russo Ferreira e Lilian Nardi.
O julgamento de Otávio Gambra foi acompanhado por sua mulher e pelas duas filhas. No início do julgamento, o ex-PM chegou a chorar, quando seu advogado começou a defendê-lo.
A condenação de Gambra foi um mês inferior à condenação de Silva Júnior, que recebeu três anos e nove meses de detenção.



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