São Paulo, quinta, 6 de agosto de 1998

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Servidor da UFRJ descarta resistência

RONI LIMA
da Sucursal do Rio

Funcionários que ocupam a reitoria da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) decidiram ontem, em assembléia, não resistir à ação policial que visa retirá-los hoje do local, em cumprimento a uma ordem judicial.
"Não enfrentaremos a polícia. Entre nós não há baderneiros", disse o secretário de pós-graduação do Instituto de Psicologia da UFRJ, Luiz Antônio Barbosa, 37.
Hoje, às 18h, termina o prazo dado pela Justiça Federal para que funcionários e estudantes desocupem o andar da reitoria, no campus da ilha do Fundão (zona norte do Rio), invadido em 7 de julho.
Com apoio de professores da UFRJ, funcionários e estudantes tentam evitar a entrada do reitor José Henrique Vilhena, cuja nomeação foi decidida a partir de uma lista tríplice enviada ao Ministério da Educação.
Apesar de sua escolha pelo MEC ser legal, Vilhena não foi o mais votado para o cargo em consulta promovida na UFRJ, ficando em terceiro no colégio eleitoral.
Embora funcionários que ocupam a reitoria afirmem que não querem o confronto, estudantes -que não quiseram dar os nomes- disseram que pensam em deitar no chão, para que tenham de ser carregados pelos policiais.
Ao reconhecer a disposição de alguns estudantes em resistir dessa forma, Barbosa afirmou que os funcionários estão trabalhando para "tentar chegar a um acordo", com o objetivo de haver um "ato pacífico".
Segundo ele, a partir das 12h de hoje, será realizado um ato cultural e político, reunindo artistas e parlamentares, para protestar "contra esse tipo de intervenção do MEC". O candidato mais votado pela comunidade universitária para o cargo de reitor, Aloísio Teixeira, confirmou presença.
A Superintendência da Polícia Federal no Rio informou que cerca de 200 policiais federais e militares deverão estar no campus hoje para garantir a desocupação. A Polícia Militar informou, porém, que apenas dez PMs irão à UFRJ.
Os advogados do sindicato dos trabalhadores e da associação dos docentes da UFRJ entraram ontem, no Tribunal Regional Federal, com recursos para tentar derrubar a liminar de desocupação concedida pela 10ª Vara Federal. Até as 18h, não havia uma decisão do tribunal.
A Folha tentou falar com o reitor Vilhena sobre os protestos contra a sua posse. Sua assessoria informou que não sabia onde ele se encontrava. Ontem à tarde, os integrantes do Conselho de Ensino e Graduação da UFRJ divulgaram nota em que criticam a falta de empenho da administração passada -na qual Vilhena era vice-reitor- para conseguir verbas para a universidade.



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