São Paulo, quarta-feira, 06 de setembro de 2000

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SAÚDE
Mais de 10 mil pessoas já receberam carta ou e-mail recomendando tratamento do problema, segundo a entidade
Associação alerta portadores de mau hálito

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais de 10 mil pessoas em todo o país já receberam recomendações para tratamento de mau hálito após terem sido "denunciadas" à ABPO (Associação Brasileira de Estudos e Pesquisas dos Odores da Boca).
"Você não precisa ficar constrangido para informar ao seu amigo que ele tem mau hálito. A ABPO faz isso por você."
Com essa mensagem, a entidade vem prestando, desde julho do ano passado, um serviço que consiste em comunicar a pessoas que sofrem desse problema.
A idéia foi lançada pela presidente da ABPO, Ana Christina Kolbe. "Quem tem não sente. Quem sente não tem coragem de contar", diz Kolbe, justificando a criação do "Clique Mau Hálito".
O serviço gratuito, feito pela Internet, funciona da seguinte maneira: quem quiser fazer uma "denúncia" preenche os dados da pessoa (nome, telefone, endereço, e-mail) no site www.abpo.com.br; a entidade manda, pelos Correios ou pela Internet, uma carta ao denunciado, explicando a necessidade de tratar o mau hálito.
"Alguém nos enviou um e-mail solicitando que informássemos sobre seu problema", afirma a correspondência. O nome do denunciante é mantido em sigilo.
Kolbe afirma que, além de comunicar o portador de mau hálito, a idéia é estimular as pessoas a procurar tratamento. Na carta, a associação também se mostra disposta a fornecer ajuda para indicar um profissional.

Trote
Para Flávio Steinwurz, vice-presidente do departamento de gastroenterologia da Associação Paulista de Medicina, a idéia de denunciar portadores de mau hálito "não funciona". "A pessoa vai interpretar como uma piada."
Steinwurz diz ser positiva a intenção de informar a necessidade de tratamento, mas que há outras maneiras de detectar o problema. "As pessoas mais íntimas sempre avisam", afirma.
Ele diz ainda que "a gente não pode forçar uma ajuda". "É importante ter um serviço de orientação disponível. Mas a entidade não deve buscar essas pessoas."
"Não estamos livres de denúncias inverídicas. Já recebemos resposta de gente que ficou chateada", admite Kolbe.
Em razão disso, a ABPO informa, na carta enviada ao denunciado, que pode haver "pessoas que queiram fazer brincadeiras de extremo mau gosto". A entidade pede que, nesse caso, a correspondência seja ignorada.


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