São Paulo, quarta-feira, 06 de setembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

40% tinham halitose em pesquisa de 1998

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma pesquisa de 1998, realizada em Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo, indicou que 40% dos entrevistados tinham halitose, nome científico do mau hálito.
Os números são da presidente da ABPO, Ana Christina Kolbe, que teve apoio de uma empresa dos Estados Unidos para a elaboração do estudo.
O teste foi feito em 6.762 pessoas, por meio de um aparelho que constata o nível do problema. Entre os idosos, quase 70% apresentaram mau hálito. "Eles têm baixa produção de saliva por causa dos medicamentos que costumam usar", afirma Kolbe.
Ela diz que essas pessoas não sabem se têm mau hálito porque acabam se acostumando.
Segundo Flávio Steinwurz, vice-presidente do departamento de gastroenterologia da Associação Paulista de Medicina, a origem do mau hálito pode ser boca, vias aéreas ou estômago.
Ele cita como exemplo pessoas estressadas que passam a ter problemas estomacais. Ou, então, aquelas que ficam sem comer durante muito tempo. O portador do problema, segundo Steinwurz, deve procurar um dentista e um gastroenterologista.
Um estudo da pesquisadora da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) Olinda Tarzia, dentista especializada em bioquímica bucal, indicou que 95% das causas do mau hálito estão na boca.
Entre os problemas comuns estariam doenças da gengiva e aumento da descamação da mucosa, que ocorre com a redução do fluxo salivar e pode causar a formação de uma placa bacteriana na gengiva ou sobre a língua.
Essas conclusões foram apresentadas, no início do ano, no 19º Congresso Internacional de Odontologia, promovido pela Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas.

Casos
A dona-de-casa L.M.C., 58, que mora em Salvador, conta que deixou de trabalhar como professora por causa do mau hálito.
"Fiz um curso de magistério, mas não tive condições de encarar uma sala de aula. Imaginava as crianças fazendo graça", afirma.
Depois de conviver mais de 20 anos com o problema, ela procurou tratamento com um dentista. Descobriu que a origem era a má higienização da boca (não escovava os dentes após as refeições, não usava fio dental e não limpava a língua). "Faz três anos que estou sem nada."
L. diz ter sido alertada pelos amigos mais próximos. "Mas eu também sentia um gosto horrível dentro da boca."
O taxista J.C.V., 40, procurou um especialista após receber queixas de familiares e amigos de trabalho. "É uma coisa que a gente não percebe. Hoje, fico imaginando o que as pessoas diziam", diz J., que se livrou do mau hálito há dois anos.
J. diz que sua mulher era uma das que mais reclamavam. "Sou casado faz 15 anos. Ela sempre me pressionava para cuidar disso", afirma. (AI)


Texto Anterior: Saúde: Associação alerta portadores de mau hálito
Próximo Texto: Associação usa homeopatia no tratamento de pacientes com Aids
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.