São Paulo, quarta-feira, 06 de setembro de 2000

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ADMINISTRAÇÃO
Prefeitura entregará 5% do projeto inicial; sistema só começa a operar efetivamente no 2º semestre de 2001
Fura-fila termina como corredor de trólebus

MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Fura-fila, principal bandeira da campanha que elegeu Celso Pitta (PTN) prefeito de São Paulo, não vai entrar em operação na gestão que o criou. O projeto foi concluído parcialmente e funcionará como corredor de trólebus até o segundo semestre de 2001.
Dos 170 km de vias previstos em 1996, só serão entregues 8,5 km -5% do total. O custo também aumentou: era estimado em R$ 12 milhões por quilômetro, mas ficou em torno de R$ 17 milhões por quilômetro.
Até o dia 30 de novembro, a Secretaria Municipal dos Transportes de São Paulo pretende entregar a estrutura viária e algumas (não foi definido quantas) das 11 estações no trecho que liga o parque D. Pedro, no centro, ao Sacomã, na zona sudeste.
Entretanto, o Fura-fila propriamente dito (ônibus movido a eletricidade que anda em canaletas), só começará a transitar depois de concluída a licitação para a empresa concessionária do sistema.
A abertura dos envelopes está prevista para o dia 16 de outubro, e a operadora escolhida terá ainda até sete meses para cumprir todas as exigências do contrato -que incluem a compra dos veículos, a operacionalização das estações, a construção de garagens e oficinas de manutenção, entre outros.
Até o final desse prazo, o sistema vai funcionar em caráter experimental, com trólebus articulados e capacidade inferior de transporte de passageiros.
O trecho do Fura-fila a ser entregue custou R$ 146 milhões à Prefeitura de São Paulo, que já desembolsou R$ 60 milhões.
Cada veículo tem capacidade para 221 passageiros, a uma velocidade média de 60 quilômetros por hora. A estimativa é que o trecho a ser entregue beneficie cerca de 70 mil pessoas por dia.
O sistema é inspirado no implantado nas cidades de Essen (Alemanha) e Adelaide (Austrália) e tem, segundo seus defensores, a vantagem de ser mais barato que o metrô e menos poluente que os ônibus comuns.
Por outro lado, especialistas têm dúvida sobre a eficiência do sistema em cidades do porte de São Paulo. Essen tem cerca de 700 mil habitantes, Adelaide tem um milhão, e São Paulo tem 10 milhões. Entre os candidatos à prefeitura, a continuidade do projeto só é defendida por Paulo Maluf (PPB).
Logo depois de ganhar a eleição, em 96, Pitta havia dito que o Fura-fila seria prioridade na sua administração. A previsão naquela época era que o primeiro trecho cortasse a avenida 23 de Maio e fosse concluído em 98.
O prefeito afirma que a promessa era concluir em seu mandato apenas o trecho que está entregando e culpa o não-recebimento de um financiamento de R$ 750 milhões do BNDES pelo atraso.

Polêmico
O Fura-fila foi alvo de polêmica na campanha para a prefeitura, em 1996. Os adversários de Pitta o acusavam de estar vendendo uma ilusão. Chegaram a comparar o Fura-fila a Papai Noel. O recurso de computação gráfica usado nos programas eleitorais na televisão foi vetado pela Justiça.
Reportagem publicada na Folha mostrou que o projeto já havia sido estudado e rejeitado, em 1993, pelo governo do Estado. Segundo os técnicos, para um fluxo acima de 20 mil passageiros por hora, no mesmo sentido, só o metrô ou uma versão sua mais leve (vagões de 30 passageiros) dariam conta do transporte.



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