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ADMINISTRAÇÃO
Prefeitura entregará 5% do projeto inicial; sistema só começa a operar efetivamente no 2º semestre de 2001
Fura-fila termina como corredor de trólebus
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
O Fura-fila, principal bandeira
da campanha que elegeu Celso
Pitta (PTN) prefeito de São Paulo,
não vai entrar em operação na
gestão que o criou. O projeto foi
concluído parcialmente e funcionará como corredor de trólebus
até o segundo semestre de 2001.
Dos 170 km de vias previstos em
1996, só serão entregues 8,5 km
-5% do total. O custo também
aumentou: era estimado em R$ 12
milhões por quilômetro, mas ficou em torno de R$ 17 milhões
por quilômetro.
Até o dia 30 de novembro, a Secretaria Municipal dos Transportes de São Paulo pretende entregar a estrutura viária e algumas
(não foi definido quantas) das 11
estações no trecho que liga o parque D. Pedro, no centro, ao Sacomã, na zona sudeste.
Entretanto, o Fura-fila propriamente dito (ônibus movido a eletricidade que anda em canaletas),
só começará a transitar depois de
concluída a licitação para a empresa concessionária do sistema.
A abertura dos envelopes está
prevista para o dia 16 de outubro,
e a operadora escolhida terá ainda
até sete meses para cumprir todas
as exigências do contrato -que
incluem a compra dos veículos, a
operacionalização das estações, a
construção de garagens e oficinas
de manutenção, entre outros.
Até o final desse prazo, o sistema vai funcionar em caráter experimental, com trólebus articulados e capacidade inferior de
transporte de passageiros.
O trecho do Fura-fila a ser entregue custou R$ 146 milhões à
Prefeitura de São Paulo, que já desembolsou R$ 60 milhões.
Cada veículo tem capacidade
para 221 passageiros, a uma velocidade média de 60 quilômetros
por hora. A estimativa é que o trecho a ser entregue beneficie cerca
de 70 mil pessoas por dia.
O sistema é inspirado no implantado nas cidades de Essen
(Alemanha) e Adelaide (Austrália) e tem, segundo seus defensores, a vantagem de ser mais barato
que o metrô e menos poluente
que os ônibus comuns.
Por outro lado, especialistas têm
dúvida sobre a eficiência do sistema em cidades do porte de São
Paulo. Essen tem cerca de 700 mil
habitantes, Adelaide tem um milhão, e São Paulo tem 10 milhões.
Entre os candidatos à prefeitura, a
continuidade do projeto só é defendida por Paulo Maluf (PPB).
Logo depois de ganhar a eleição,
em 96, Pitta havia dito que o Fura-fila seria prioridade na sua administração. A previsão naquela
época era que o primeiro trecho
cortasse a avenida 23 de Maio e
fosse concluído em 98.
O prefeito afirma que a promessa era concluir em seu mandato
apenas o trecho que está entregando e culpa o não-recebimento
de um financiamento de R$ 750
milhões do BNDES pelo atraso.
Polêmico
O Fura-fila foi alvo de polêmica
na campanha para a prefeitura,
em 1996. Os adversários de Pitta o
acusavam de estar vendendo uma
ilusão. Chegaram a comparar o
Fura-fila a Papai Noel. O recurso
de computação gráfica usado nos
programas eleitorais na televisão
foi vetado pela Justiça.
Reportagem publicada na Folha mostrou que o projeto já havia
sido estudado e rejeitado, em
1993, pelo governo do Estado. Segundo os técnicos, para um fluxo
acima de 20 mil passageiros por
hora, no mesmo sentido, só o metrô ou uma versão sua mais leve
(vagões de 30 passageiros) dariam
conta do transporte.
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