São Paulo, sexta-feira, 06 de setembro de 2002
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PATRIMÔNIO Imagem da santa padroeira da cidade foi salva Incêndio destrói a igreja mais antiga de Goiás, tombada em 1941
ADRIANA CHAVES DA AGÊNCIA FOLHA Símbolo do apogeu do ciclo do ouro e a paróquia mais antiga de Goiás, a igreja Nossa Senhora do Rosário, em Pirenópolis (100 km de Goiânia), foi destruída após um incêndio na madrugada de ontem. O fogo começou por volta das 3h e só foi controlado no início da manhã, quando os bombeiros da cidade receberam o reforço da brigada de Anápolis. O local estava desocupado no momento em que o fogo começou e não houve vítimas. Apenas as paredes externas e duas torres continuaram de pé, mas, com a estrutura comprometida, correm risco de desmoronamento. Nos próximos dias, técnicos do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) divulgarão um relatório oficial, com detalhamento das obras que deverão ser feitas. Estima-se que serão necessários cerca de R$ 5 milhões para a restauração. Em um levantamento inicial, ficou constatada a destruição do altar principal, todo em madeira e coberto de ouro, dos quatro altares laterais e da pintura do teto, além do revestimento de madeira. O fogo teria partido da sacristia para o restante do prédio. Percebendo que as chamas se alastravam, alguns vizinhos entraram na paróquia para tentar resgatar algumas das peças. De acordo com o pároco da igreja, Luís Virtuoso, somente 12 peças foram salvas. Entre elas está a santa padroeira da cidade, Nossa Senhora do Rosário, trazida de Portugal no século 17. Outras peças importantes, como a Nossa Senhora das Dores e o Senhor Morto, também foram preservadas. Já os tradicionais anjos barrocos, talhados em madeira e ouro, foram completamente destruídos pelo fogo. As causas do incêndio ainda são desconhecidas. "Existem várias possibilidades. Um curto-circuito ou velas podem ter dado origem ao fogo, mas não dá para descartar a hipótese de sabotagem antes da conclusão da perícia. A igreja era muito visada", disse Virtuoso. O Departamento de Polícia Científica da Polícia Civil de Goiás deverá concluir o laudo sobre o incêndio nos próximos dias. O Iphan enviara um ofício à Diocese de Anápolis no dia 6 de dezembro, após vistoriar a igreja, no qual alertava para o risco de velas acesas em áreas inadequadas e instalações elétricas clandestinas. O bispo da diocese, dom Manoel Pestana, não foi localizado para comentar o caso. Estilo colonial Construída por bandeirantes entre 1728 e 1738, a paróquia é a mais antiga de Goiás e um dos últimos prédios com a estrutura inteira em taipa de pilão (barro e cascalho socados). Havia sido tombada pelo Patrimônio Histórico do Iphan em 1941. A arquitetura em estilo colonial sofreu algumas alterações em sua concepção em 1842, quando passou por uma reforma para reconstrução do telhado, que havia ruído quatro anos antes. Nessa época, foram introduzidas peças e outros motivos barrocos, como o forro do teto, os altares de madeira, além dos bordados de ouro. Em 1999, a paróquia recebeu cerca de R$ 1 milhão do governo federal para realizar trabalhos de restauração. Texto Anterior: Alagoas: Reunião não encerra greve de policiais civis Próximo Texto: Em nota, FHC diz que governo prestará auxílio Índice |
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