São Paulo, quarta-feira, 06 de setembro de 2006

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Polícia Federal indicia 5 membros do PCC por tráfico internacional de armas

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal indiciou cinco integrantes do PCC -presos em São Paulo- por ligação com o tráfico internacional de armas. O indiciamento ocorreu em meio à investigação sobre uma rede de venda de armas que teria sido montada pela facção no Paraguai.
Todos já estão em presídios no interior paulista condenados por outros crimes. São eles: Felipe Matheus Ribeiro; Cláudio Gonçalves de Oliveira; Rony Faria e Silva; Wagner Augusto Pereira e Fabiano Alves de Sousa, o Gugu -do primeiro escalão do PCC. Para a PF, eles estão envolvidos na receptação de armas vindas de fora do país.
Com o indiciamento, o Ministério Público Estadual se articula agora para pedir a transferência deles para o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), o sistema mais rígido de prisões no Estado. No sistema, o sentenciado fica na cela 22 horas por dia, sem direito a TV, rádio nem jornais.
A Polícia Federal não informou ontem se os cinco indiciados possuem advogado.
Na mesma investigação, a PF prendeu no início do mês o brasileiro Alberto Dorneles Rodrigues, dono da loja de armas Comando, em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, na divisa com a cidade brasileira de Ponta Porã, Mato Grosso do Sul.
Rodrigues é apontado como dono das 600 armas apreendidas no Paraguai, no fim de semana, que teriam como destino São Paulo e Rio. Arnaldo Giuzzio, procurador da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) do Paraguai, disse à Folha que na fronteira há uma rede de venda de armas montada pelo PCC e parte da quadrilha de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, preso em Catanduvas (PR).
Giuzzio afirmou que havia fortes indícios de que as armas apreendidas (222 revólveres, 195 pistolas e 174 escopetas e rifles) viriam para o Brasil por terra, em pequenos carregamentos.
Para elucidar o esquema, a PF tenta prender um brasileiro que era o elo entre as casas de armas paraguaias e os integrantes do PCC. O suspeito, que não teve seu nome divulgado, fugiu para o Paraguai. A PF pediu a prisão e extradição dele ao governo vizinho.
Ainda segundo a PF, o esquema de venda de armas na fronteira pode funcionar do seguinte modo: lojas do Paraguai importam armas de fabricantes no Brasil e, depois, vendem a membros do PCC, que trazem ilegalmente de volta ao território brasileiro o armamento.
O procurador da Senad do Paraguai diz que a droga é uma moeda usada na compra de armas. Além da loja de armas Comando, a PF identificou como suposta fornecedora de armas a casa Monte Líbano, também em Pedro Juan Caballero.


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