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Suspeitos de crimes são contratados para presídio federal
Funcionários novos foram deslocados pelo governo para funções administrativas após a posse já ter sido consumada
Não há número confirmado de agentes penitenciários que estão sob suspeição; lista de possíveis delitos inclui furto e narcotráfico
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Entre os agentes penitenciários federais recém-contratados para trabalhar nos presídios de segurança máxima lançados neste ano pelo governo
federal há, segundo a Folha
apurou, suspeitos de praticar
crimes como estelionato, narcotráfico, furto, entre outros. O
número exato de casos não é
conhecido.
Ainda segundo a apuração da
reportagem, depois de consumada a posse dos agentes e
confirmada a existência das
suspeitas envolvendo os novos
funcionários, a alternativa foi
destacar essas pessoas para atividades burocráticas.
Eles serão, assim, mantidos o
mais distante possível dos presos e também ficarão sujeitos a
intenso trabalho de inteligência penitenciária, para identificar alguma eventual relação
desses servidores com pessoas
ligadas a práticas criminosas.
Oficialmente, por meio de
sua assessoria de imprensa, o
Ministério da Justiça, que responde pelos presídios federais,
entre eles o de Catanduvas
(PR) -de segurança máxima-
não confirmou nem negou a
identificação de antecedentes
criminais em relação aos agentes penitenciários.
Em nota enviada à Folha, o
Ministério da Justiça diz que,
"por motivo de segurança,
mantém as informações sobre
a situação funcional dos agentes penitenciários sob sigilo".
Segundo a nota, "a reputação
ilibada, sem condenações criminais, é condição exigida para
qualquer servidor público".
Com esse entendimento, o
ministério afirma ter exigido
de todos os candidatos a apresentação de certidões de antecedentes criminais referentes
aos locais nos quais residiram
nos últimos cinco anos.
As certidões só registram casos de condenações transitadas
em julgado -sem direito a recurso judicial. Eventualmente
algum servidor pode ou estar
sob investigação, ou em fase de
recurso judicial, ou ainda já ter
sido condenado e cumprido
sua pena há mais de cinco anos.
Ainda como medida de segurança, apesar de não haver exigência legal para isso, o ministério diz que o Depen (Departamento Penitenciário Nacional), em parceria com a Polícia
Federal e a Secretaria Nacional
de Segurança Pública, "realiza
a investigação social para impedir a entrada no quadro de
envolvidos em crimes ou pessoas ligadas a organizações criminosas".
A primeira turma de agentes
penitenciários federais, com
169 integrantes, tomou posse
em março deste ano. Seu principal posto de ocupação é o
presídio de segurança máxima
de Catanduvas (PR).
O assunto é controverso, já
que a legislação penal busca,
em tese, estabelecer mecanismos para a recuperação dos
presos, prevendo a progressão
de regime, sua ressocialização
e, uma vez solto, sua reintegração ao trabalho.
Mas a admissão dos agentes
com antecedentes é tratada pelas autoridades que atuam no
meio como um elemento de
risco -ainda mais em tempos
de infiltração de organizações
como o PCC em várias esferas.
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