|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GLÓRIA PORTO KOK (1918-2009)
Viveu com muitas saudades do mar
TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre goiabeiras e pitangueiras e próximo ao mar da
praia de Copacabana, à época
quase deserta, Glória Kok
passou toda a sua infância.
Depois de casar, aos 24
anos, mudou-se com o marido para São Paulo, onde estivera a maior parte do tempo
com saudades do mar, diria
ela, em um impecável pretérito mais-que-perfeito, seu
tempo verbal predileto.
Mais que perfeita também
foi sua educação, apesar de
não ter frequentado escolas:
falava, além do português
corretíssimo, francês e inglês, línguas ensinadas pelas
suas irmãs mais velhas e
aprimoradas por meio da leitura de autores clássicos.
Foi ainda escoteira. Como
líder do movimento escoteiro feminino no Brasil, visitou
em 1936 os EUA, onde ocorria um encontro internacional. A viagem, a bordo de um
hidroavião, durou três dias.
Da infância em Copacabana guardava, além das lembranças, um quadro com o
retrato de sua mãe quando
jovem. Ele ficava na sala
principal da casa, ao lado de
uma obra de Anita Malfatti,
cujo tema principal é o mar.
E foi para aplacar a saudade que Glorinha tinha das
tardes na praia que a família
construiu uma casa na Barra
do Una (litoral norte de SP),
em 1968. Na época, a praia
era tão deserta como a Copacabana de 1920. Lá, ela também tinha uma pitangueira.
Morreu na última segunda, 31 de agosto, de parada
cardiorrespiratória. Deixou
o marido, seis filhos, 17 netos
e cinco bisnetos.
coluna.obituario@uol.com.br
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Análise: Brasil fez em décadas o que a Europa levou séculos para fazer Índice
|