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EDUCAÇÃO
Sem carteira da OAB, bacharel não pode advogar; médico sem especialização é preterido em grandes centros
Barrados têm opções reduzidas de carreira
DA REPORTAGEM LOCAL
Médicos generalistas -formados em medicina que não têm especialização- e bacharéis em direito sem carteira da OAB têm
muito menos opções de carreira
do que os colegas de profissão.
Quem faz direito e não passa no
exame da OAB, além de não poder advogar, não concorre a cargos de juiz, defensor público ou
procurador-geral do Estado.
"Sempre quis advocacia, é a minha vocação. Mas já fiz o exame
oito vezes e não consigo passar",
conta Aparecida Simone Gomes,
32, que se formou em direito em
98. Segundo ela, o exame da OAB
-que tem testes de múltipla escolha na primeira fase e questões
discursivas na segunda- está
mais rígido. "Está cada vez pior.
Eles [da OAB] estão afunilando
porque sabem que não há onde
todo mundo trabalhar."
Para o presidente nacional da
OAB, Rubens Approbato, o Exame de Ordem é bem menos aprofundado do que um concurso público. "Os exames não estão mais
difíceis. Os cursos é que são cada
vez mais deficitários", declarou.
Profissionais que se formaram e
ainda não conseguiram a aprovação acabam ocupando vagas de
segunda classe. Muitas vezes, trabalham em escritórios de advocacia, redigindo petições e outras
peças processuais que são assinadas por um colega já habilitado
-prática ilegal, segundo o Conselho Federal da OAB. "Faço o
serviço, mas não assino", conta
Sandra de Souza, 31.
Uma das carreiras permitidas
mesmo para quem não tem a
OAB é o Ministério Público. Nos
três últimos concursos para promotor em São Paulo, no entanto,
o número de aprovados foi inferior ao número de vagas existentes. "Dificilmente completamos
as vagas. São milhares de inscritos, poucos suficientemente preparados", afirma o procurador-geral de Justiça do Estado de São
Paulo, Luiz Antonio Marrey.
Já em medicina, a opção para o
médico sem residência ou título
de especialização é trabalhar em
hospitais menores e do interior.
Para Reinaldo Ayer de Oliveira,
57, do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, uma boa opção para esses médicos são os
programas de médico de família,
que levam profissionais para pequenas unidades de saúde para
atuarem como clínicos.
Os governos federal, estaduais e
municipais têm incentivado a formação desses médicos clínicos,
que recebem salários relativamente altos para se deslocarem ao
interior. Segundo levantamento
realizado pela Estação de Pesquisa de Sinais de Mercado da UFMG
em 2002, um médico de família
ganha R$ 8.800 para trabalhar no
pequeno município de Álvaro de
Carvalho, no interior do Estado
de São Paulo.
A mineira Patrícia Guimarães
Penido, 26, é uma das médicas
que optaram por esse caminho.
Ela se formou neste ano em medicina pela Universidade Federal de
Minas Gerais e desde julho mora
em Formiga, no interior mineiro,
onde trabalha em um pequeno
posto de saúde.
Mas Patrícia disse que pretende
trabalhar por apenas um ano em
Formiga, para juntar dinheiro enquanto estuda para o exame de
residência do próximo ano. "Eu
não quero ser clínica."
O paraibano Martim Elviro de
Medeiros Júnior, 30, está em São
Paulo desde o início de 1997 para
terminar o curso de medicina que
havia começado na Universidade
Federal da Paraíba.
"Minha idéia sempre foi trabalhar com saúde pública." Medeiros Jr. é médico no posto de saúde
Profeta Jeremias, no bairro de Cidade Tiradentes, um dos mais pobres da zona leste de São Paulo.
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