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São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2003

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AMBIENTE

Cerca de 500 pessoas, incluindo deputados, ocuparam área no Iguaçu considerada patrimônio da humanidade

PF deve desocupar hoje parque no Paraná

JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA

Agentes da Polícia Federal, cumprindo ordem da Justiça Federal, devem promover hoje a desocupação de uma área no Parque Nacional do Iguaçu (PR) invadida anteontem por pelo menos 500 pessoas, entre elas deputados ligados ao PT. O local, um dos únicos que guardam porções de mata atlântica no país, é protegido por lei e considerado patrimônio da humanidade pela Unesco.
O grupo, segundo relatos de funcionários do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), usou cinco retroescavadeiras, cortou a linha telefônica e destruiu as instalações do posto de fiscalização para entrar na área. Cerca de dez quilômetros de mata já teriam sido devastados.
Os manifestantes querem a liberação da estrada do Colono, fechada em 2001, que tem 17 quilômetros de extensão e liga os municípios de Serranópolis do Iguaçu e Capanema. Eles dizem que a passagem pode levar desenvolvimento para a região.
O Ministério do Meio Ambiente pediu a reintegração de posse e divulgou nota em que caracteriza o ato como "crime ambiental". "Desde que assumimos o ministério temos promovido ações visando a efetiva implementação do parque, num trabalho pró-ativo na área de seu entorno. Essas ações [as invasões] comprometem todo o esforço que vinha sendo feito ao longo do ano", declarou a ministra Marina Silva.
O parque foi criado em 1939, tem área de 185.265 hectares e abriga as famosas cataratas do Iguaçu. O local é refúgio de uma vasta diversidade de flora e fauna, acolhendo, inclusive, espécies em extinção, como a arara-azul.
"O que não dá para entender é por que a polícia não agiu logo no começo da invasão, quando o grupo era pequeno. Agora será algo muito mais complicado. Sem falar nos prejuízos ambientais que já promoveram", disse Teresa Urban, da Rede Verde, ONG ligada à preservação ambiental.
Um dos políticos que colaboram com a invasão foi o deputado federal Irineu Colombo (PT), que defende a liberação da estrada. A Agência Folha tentou localizá-lo, mas foi informada pela assessoria do deputado que ele estava incomunicável, dentro do parque.
A manutenção da estrada, segundo a nota do Ministério do Meio Ambiente, pode significar a perda do título na Unesco, conquistado em 1986. Segundo funcionários do parque, toda a estrada já havia sido ocupada ontem à tarde e o movimento não parava de crescer. Grupos ambientais articulam para hoje um movimento para pedir a cassação dos políticos envolvidos no ato.


Colaborou a Sucursal de Brasília

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