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AMBIENTE
Cerca de 500 pessoas, incluindo deputados, ocuparam área no Iguaçu considerada patrimônio da humanidade
PF deve desocupar hoje parque no Paraná
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA
Agentes da Polícia Federal,
cumprindo ordem da Justiça Federal, devem promover hoje a desocupação de uma área no Parque
Nacional do Iguaçu (PR) invadida
anteontem por pelo menos 500
pessoas, entre elas deputados ligados ao PT. O local, um dos únicos que guardam porções de mata
atlântica no país, é protegido por
lei e considerado patrimônio da
humanidade pela Unesco.
O grupo, segundo relatos de
funcionários do Ibama (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis), usou cinco retroescavadeiras, cortou a linha telefônica e
destruiu as instalações do posto
de fiscalização para entrar na
área. Cerca de dez quilômetros de
mata já teriam sido devastados.
Os manifestantes querem a liberação da estrada do Colono, fechada em 2001, que tem 17 quilômetros de extensão e liga os municípios de Serranópolis do Iguaçu e Capanema. Eles dizem que a
passagem pode levar desenvolvimento para a região.
O Ministério do Meio Ambiente
pediu a reintegração de posse e divulgou nota em que caracteriza o
ato como "crime ambiental".
"Desde que assumimos o ministério temos promovido ações visando a efetiva implementação do
parque, num trabalho pró-ativo
na área de seu entorno. Essas
ações [as invasões] comprometem todo o esforço que vinha sendo feito ao longo do ano", declarou a ministra Marina Silva.
O parque foi criado em 1939,
tem área de 185.265 hectares e
abriga as famosas cataratas do
Iguaçu. O local é refúgio de uma
vasta diversidade de flora e fauna,
acolhendo, inclusive, espécies em
extinção, como a arara-azul.
"O que não dá para entender é
por que a polícia não agiu logo no
começo da invasão, quando o
grupo era pequeno. Agora será algo muito mais complicado. Sem
falar nos prejuízos ambientais
que já promoveram", disse Teresa
Urban, da Rede Verde, ONG ligada à preservação ambiental.
Um dos políticos que colaboram com a invasão foi o deputado
federal Irineu Colombo (PT), que
defende a liberação da estrada. A
Agência Folha tentou localizá-lo,
mas foi informada pela assessoria
do deputado que ele estava incomunicável, dentro do parque.
A manutenção da estrada, segundo a nota do Ministério do
Meio Ambiente, pode significar a
perda do título na Unesco, conquistado em 1986. Segundo funcionários do parque, toda a estrada já havia sido ocupada ontem à
tarde e o movimento não parava
de crescer. Grupos ambientais articulam para hoje um movimento
para pedir a cassação dos políticos envolvidos no ato.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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