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EFEITO COLATERAL
É o primeiro processo coletivo contra o medicamento naquele país; internet tem onda de ofertas de advogados
Ação reúne 300 mil contra o Vioxx nos EUA
LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK
Uma onda de ofertas de ações
contra a farmacêutica americana
Merck, detonada pela revelação
de que o antiinflamatório Vioxx
aumenta os riscos de problemas
cardiovasculares em pacientes
que o utilizam cotidianamente
por mais de um ano e meio, já tomou os EUA. Ontem, no Estado
de Illinois, foi aberta a primeira
ação de classe.
Nessa ação, segundo jornais locais, cerca de 300 mil reclamantes
pedem que a Merck reembolse
gastos com o medicamento desde
que ele começou a ser comercializado, em 1999, e gastos com consultas médicas e exames para
diagnosticar os efeitos colaterais
recém-divulgados.
O primeiro processo "pós-retirada" do Vioxx foi aberto já na
sexta-feira, um dia após o anúncio da Merck. Caroline Nevels, do
Estado do Missouri, responsabiliza a empresa farmacêutica pela
morte de sua filha Shelly South
em novembro de 2002.
South, que tinha 34 anos e morreu de ataque cardíaco, usava
Vioxx havia dois anos e meio. Nevels acusa a Merck de saber dos
riscos e não anunciá-los.
Internet
Quando as palavras "lawsuit"
(processo, em inglês) e "Vioxx"
são digitadas em mecanismos de
busca na internet, dezenas de escritórios e sites de advogados,
com títulos como "um advogado
do Vioxx para você", oferecem a
oportunidade de abrir processos
contra a farmacêutica.
A Merck confirmou, na última
quinta-feira, já ter sofrido processos nos EUA antes de anunciar a
retirada do Vioxx do mercado,
mas não revelou quantos. Mas,
nesta semana, assessores da empresa nos EUA afirmaram que
não comentarão mais o tema.
Procurados pela Folha, nem o
Departamento da Justiça dos
EUA nem a FDA (agência federal
que regula os mercados de medicamentos e alimentos nos EUA)
souberam informar o número de
processo abertos contra a farmacêutica nos últimos anos.
No Brasil, a Merck não havia sofrido nenhum processo envolvendo o Vioxx até a última semana,
segundo João Sanches, diretor de
comunicações da Merck, Sharp &
Dohme, subsidiária da empresa
no país.
Estimativas preliminares da
Prudential Equity, uma reputada
consultoria financeira, indicam
que a Merck poderá sofrer cerca
de 16.600 processos legítimos referentes ao Vioxx -um número
que o analista Tim Anderson, autor do relatório sobre mercado
farmacêutico, não considerou
alarmante.
O valor foi calculado com base
no número de pessoas que usam
Vioxx há mais de 18 meses nos
EUA (quando, segundo o estudo
da Merck, os efeitos colaterais podem começar a se manifestar) e
na porcentagem de usuários que
costumam abrir processos em casos semelhantes.
Anúncio
O anúncio da retirada do Vioxx
das prateleiras de mais de 80 países onde o medicamento era comercializado foi feito na última
quinta-feira pela Merck & Co.
Inc., nos EUA.
A empresa disse ter tomado a
decisão após um estudo interno
mostrar que o medicamento aumenta significativamente as
chances de ocorrência de eventos
cardiovasculares (como ataques
cardíacos e derrames) em pacientes que o usam continuamente
por mais de um ano e meio. O uso
em período inferior a esse não
apresentou riscos.
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