São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2004

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MENOPAUSA

Estudo dos EUA com 16.608 mulheres mostra que reposição de hormônios pode causar coagulação do sangue

Terapia hormonal eleva risco de trombose

DA REPORTAGEM LOCAL
DA REUTERS

Um estudo que já havia ligado a TRH (terapia de reposição hormonal) -tratamento à base de hormônios para as mulheres que sofrem com os sintomas da menopausa- a um risco aumentado de derrame, ataque cardíaco e câncer também revelou agora um risco adicional para trombose, afirmam pesquisadores.
O trabalho, chamado de Iniciativa de Saúde das Mulheres, descobriu que mulheres que tomam estrógeno e progesterona na dose antes considerada usual tinham um risco dobrado de ter coágulos venosos, que podem se deslocar até os pulmões e causar morte.
A FDA (agência que regula produtos farmacêuticos e alimentícios nos Estados Unidos) agora recomenda que as mulheres que buscam alívio dos sintomas da menopausa usem essas drogas nas menores doses efetivas e pelo menor tempo possível.
Os dados de trombose, reportados por pesquisadores da Universidade de Vermon em Colchester (EUA), vieram de um estudo que envolveu a participação de 16.608 mulheres na fase pós-menopausa, com idades entre 50 e 79 anos, recrutadas de 1993 a 1998. Durante a pesquisa, algumas mulheres receberam a droga hormonal, enquanto outras, placebo.
Os pesquisadores americanos descobriu que o risco de coagulação do sangue era maior para as mulheres que estavam acima do peso ideal, e que uma disposição genética para coágulos, assim como idade avançada, também aumentava os riscos. De acordo com o estudo, a ingestão de aspirina para diluir o sangue não compensava o problema.
O American College of Obstetricians e Gynecologists disse recentemente que é necessário realizar mais pesquisa para determinar se terapia de reposição hormonal pode ser mais segura para mulheres mais jovens.

Consenso
A Sobrac (Associação Brasileira de Climatério) elaborou o primeiro consenso sobre os benefícios e as contra-indicações da terapêutica hormonal na menopausa. O documento foi transformado em livro e será distribuído para mais de 8.000 médicos no país.
Os estudos mostram que a terapêutica hormonal alivia efetivamente os sintomas do climatério, como ondas de calor (fogachos), insônia, irritabilidade, depressão e distúrbios relacionados aos órgãos genitais (ressecamento vaginal, prurido vulvar e incontinência urinária, entre outros), além de prevenir e tratar a osteoporose.
Para indicar a TRH, no entanto, o consenso da Sobrac orienta que o médico deve observar se os sintomas da menopausa -principalmente ondas de calor, alterações menstruais, atrofia urogenital e tendência à osteoporose-, interferem na qualidade de vida da paciente.
As contra-indicações também devem ser igualmente avaliadas. O médico deve verificar se a paciente possui antecedentes ou riscos elevados de doenças como tromboembolia, câncer de mama, câncer de endométrio e doença hepática, além de apresentar sangramento vaginal não diagnosticado ou porfiria (distúrbio causado por deficiências de enzimas).
Muitos dos efeitos benéficos e adversos da terapia estão relacionados à dose hormonal, por isso, a tendência é que elas sejam reduzidas, de forma a diminuir os riscos do tratamento.
De acordo com a Sobrac, ainda não há um consenso sobre até quando a terapia de reposição hormonal deve ser mantida. (CC)


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