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CIDADES
Prefeitos fazem reunião para obter voz na ONU
DA REPORTAGEM LOCAL
Se a Prefeitura de São Paulo ou
de Nova York tiver alguma reivindicação na ONU (Organizações
das Nações Unidas), será tratada
como se fosse uma ONG (organização não-governamental). Cidades não têm existência legal para a
ONU, só governos de países.
É para tentar mudar esse ponto
do estatuto da ONU que cerca de
cem prefeitos ou representantes
de cidades de todo o mundo realizam de hoje até sexta-feira em São
Paulo a primeira reunião da
CGLU (Cidades e Governos Locais Unidos), entidade criada em
maio em Paris. A prefeita de São
Paulo, Marta Suplicy (PT), preside a CGLU.
Já confirmaram presença na
reunião, entre outros, os prefeitos
de Paris (Bertrand Delanoë), de
Genebra (Manuel Tornare) e de
Barcelona (Joan Clos).
A não-existência jurídica das cidades na ONU é uma prática extemporânea, segundo Kjeld Jakobsen, secretário de Relações Internacionais da prefeitura da capital paulista.
"Quando a ONU foi criada, em
1945, 70% da humanidade vivia
no campo. Hoje, mais da metade
de população mundial vive nas cidades hoje. A maior parte dos
problemas mundiais envolve as
cidades", afirma.
Fica muita mais difícil resolvê-los quando as cidades não têm
poder em organismos multilaterais. Se os problemas fossem vistos pela ótica das cidades, defende
Jakobsen, as soluções poderiam
chegar mais rapidamente.
Ele ilustra sua tese com uma hipotética cidade com uma dívida
pequena vivendo num país de dívida alta. Hoje, se uma cidade
com esse perfil fosse pedir um
empréstimo ao Banco Mundial,
ouviria um "não" como resposta.
Vale aí a regra de que empréstimos estão vetados aos países endividados.
"Não tem sentido punir a cidade por uma questão sobre a qual
ela não tem controle", afirma o
secretário. A reunião da CGLU
tentará aprovar a proposta segundo a qual essas cidades podem receber empréstimos de organismos multilaterais sem que o valor
seja somado à dívida do país.
As chamadas Metas do Milênio
receberiam melhor tratamento
quando as cidades tiverem voz
nos organismos internacionais,
diz Jakobsen. Esse programa prevê a erradicação da pobreza e da
fome extrema e do analfabetismo,
entre outras metas, até 2015.
A pretensão dos prefeitos têm
dois adversários de peso. Os Estados Unidos e a China são contra a
representação das cidades por
achar que ela reduziria o poder
dos países.
(MARIO CESAR CARVALHO)
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