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Jobim diz que fiscalização aérea não é eficaz
Ministro diz que "agora" empresas serão cobradas pela responsabilidade de manutenção de aviões particulares e táxis aéreo
Anac tem 390 profissionais para fiscalizar a regularidade da manutenção feita nos 11.320 helicópteros e aviões em operação no país
MANUELA MARTINEZ
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM SALVADOR
Um dia depois de um novo
acidente aéreo ocorrer em São
Paulo, o ministro da Defesa,
Nelson Jobim, admitiu ontem
que a fiscalização dos aviões
particulares e de táxis aéreos
no país não é eficaz.
"A fiscalização existe. A eficácia desta fiscalização é que é o
problema. O problema da existência da fiscalização é uma
coisa, e a outra coisa é a eficácia
desta fiscalização", disse Jobim, após visitar o comando do
2º Distrito Naval, em Salvador.
Ainda não se sabe as causas
do acidente de anteontem,
quando um jatinho desabou sobre casas na zona norte, provocando a morte de oito pessoas.
No cargo desde julho deste
ano, Jobim afirmou que "agora" as empresas serão cobradas
pela responsabilidade da manutenção dessas aeronaves. "A
manutenção não será feita pelo
Estado. Não é o contribuinte
que vai pagar a essas empresas
atos que dependem delas. Agora, elas terão que fazer isto, pois
cobraremos isto com força."
A manutenção é responsabilidade da empresa aérea. Cabe à
Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil) realizar auditorias periódicas para verificar se
as condições estão adequadas.
Desde que assumiu, Jobim entrou em atrito com a diretoria
da Anac -após pressões, toda a
cúpula da agência acabou renunciando ao cargo.
Ex-pilotos e técnicos no setor concordam que a fiscalização é frágil. Para James Waterhouse, professor do departamento de Engenharia Aeronáutica da USP de São Carlos,
houve um "esvaziamento na
quantidade e na qualidade" dos
quadros de fiscalização.
O setor teve seu melhor momento, diz Waterhouse, nos últimos anos do DAC (Departamento de Aviação Civil), que foi substituído em 2006 pela Anac.
"Na década de 80, houve um
problema de falta de inspetores
no Brasil. O país levou um puxão de orelha de órgãos internacionais e o governo começou
a investir. Por isso, tivemos um
pico de competência no final do
DAC. Mas a Anac não se preocupa muito com essa área", diz.
Já Roberto Peterka, consultor de segurança de vôo e ex-investigador do DAC, acha que a
fiscalização das empresas é
boa, mas as punições não são
suficientemente rigorosas. "A
Justiça ou a própria Anac, de
forma administrativa, deveriam ser mais rígidas em relação às irregularidades."
O coordenador do curso de
ciências aeronáuticas da UCG
(Universidade Católica de
Goiás), Raul Francé Monteiro,
com 28 anos de experiência na
aviação civil, diz que a fiscalização no Campo de Marte -assim como na maioria dos aeroportos pequenos- é precária.
A Anac tem 390 profissionais
para fiscalizar a regularidade
da manutenção dos 11.320
aviões e helicópteros em operação no país. Em geral, a manutenção obedece a um cronograma fixado pelo fabricante. Em
média, um avião ou helicóptero
é levado à manutenção a cada
50 horas a 300 horas de vôo.
No caso de aviões de pequeno
e médio porte, como o Learjet
acidentado em São Paulo, a manutenção tem que ser feita em
oficinas credenciadas pela
Anac. Nem a Anac nem a Reali
Táxi Aéreo, dona do jato, informaram o nome da oficina responsável pela aeronave.
Colaboraram AMARÍLIS LAGE E ROGÉRIO
PAGNAN , da Reportagem Local, e FÁBIO AMATO , da Agência Folha
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