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Especialistas acreditam em falha mecânica
Hipótese é apontada devido à experiência dos pilotos do jato que caiu no domingo
Juniti Saito, comandante da Aeronáutica, citou ainda o procedimento correto do controlador e o fato de o aeroporto não ter sobrecarga
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Falha mecânica. Essa é, até
agora, a hipótese mais aceita
para a queda do Learjet 31 anteontem. Embora ressaltem
que ainda é cedo para conclusões, pilotos e especialistas cogitam essa explicação com base
em alguns fatores, como a experiência do comandante e o
modo como o avião girou.
Ontem, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti
Saito, avaliou que pode ter
ocorrido um "problema no
avião". Segundo ele, o piloto do
jato tinha muita experiência, o
controlador da torre agiu corretamente e o aeroporto do
Campo de Marte não está com
problemas de sobrecarga.
Saito não explicou que problema poderia ter ocorrido,
mas uma hipótese é pane em
um dos motores. Ainda assim,
aviadores da FAB que pilotam
Learjets consideram a aeronave muito segura nesse tipo de
pane, capaz de operar com um
só motor com segurança.
A FAB é responsável pela
apuração dos fatores que contribuíram para a queda, inclusive por meio de análise das caixas-pretas, das fichas dos pilotos e da empresa aérea e das
condições meteorológicas.
Potente, o Learjet é uma das
opções mais procuradas na
aviação executiva, afirma Apostole Lack Chryssafidis, presidente da Abetar (Associação
Brasileira das Empresas de
Transporte Aéreo Regional).
Para ele, é provável que os
dois motores tenham falhado.
"Ele pode ter perdido o motor
esquerdo e, por isso, feito a curva sobre o motor bom [direito],
o que é um procedimento comum. Mas, depois, ter perdido
também o direito."
James Waterhouse, professor do departamento de Engenharia Aeronáutica da USP
(Universidade de São Paulo) de
São Carlos, afirma que o Learjet é um dos aviões com melhor
performance quando um dos
motores falha.
Mas a potência do Learjet
também pode significar um risco, segundo Roberto Paterka,
consultor de segurança de vôo.
"Em outros tipos de avião,
quando perde-se um motor,
acelera-se o outro ao máximo.
No Learjet, deve-se reduzir a
velocidade -se acelerar, o motor é tão forte que gira o avião."
Isso, diz, poderia explicar o
porquê de o avião ter virado para a direita quando deveria ter
ido para a esquerda. "Aparentemente, o avião girou, por isso
abaixou uma asa, perdeu a sustentação e caiu de bico."
Com 28 anos de experiência
na aviação civil, o coordenador
do curso de ciências aeronáuticas da UCG (Universidade Católica de Goiás), Raul Francé
Monteiro, também afirma
acreditar na possibilidade de
falha mecânica. "Não é possível
simplesmente que o piloto tenha dado uma bobeada e deixado de saber controlar o avião."
Segundo Saito, o Campo de
Marte tem muitas restrições,
mas isso não se traduz em riscos. Ele disse que o controle de
tráfego aéreo funcionou normalmente e rejeitou a hipótese
de sobrecarga devido às restrições impostas a Congonhas.
Procuradas, a Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil) e a
Infraero não se manifestaram.
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