São Paulo, terça-feira, 06 de novembro de 2007

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Por segurança, FAB veta avião de ministro no aeroporto

A Aeronáutica alega ter regras mais rigorosas para as aeronaves de autoridades

Um dos motivos da proibição é que os jatos do governo não têm reversor, equipamento que auxilia a frenagem em pistas curtas

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Apesar de liberado para jatos Learjet 35 particulares, como o que caiu no domingo, matando oito pessoas, o aeroporto do Campo de Marte, em São Paulo, é proibido para aeronaves iguais às que a Aeronáutica usa para transporte de ministros e de outras autoridades federais.
"O Campo de Marte é vedado para aviões que transportem autoridades", disse ontem o brigadeiro Ramon Borges Cardoso, diretor do Decea (Departamento de Controle de Espaço Aéreo) da Aeronáutica.
Segundo ele, a explicação é que "há um rigor maior [na segurança de vôo] para as autoridades", e os limites e parâmetros para permitir vôos e decolagens são mais restritivos.
A diferença entre o Learjet que caiu e os oito do Grupo de Transporte Especial (GTE) da FAB (Força Aérea Brasileira), em que voam os ministros, é que o acidentado tinha reversor, e os militares, não.
O reversor é o equipamento que ajuda a frenagem do avião e é especialmente importante em pistas curtas. Ele encarece e aumenta o peso do avião.
O documento que proíbe os Learjet do GTE de operar no Campo de Marte é o PIMO (Plano de Instrução e Manutenção Operacional) de 2007, ao limitar seus pousos e decolagens a pistas com no mínimo 1.500 metros de comprimento.
A do Campo de Marte tem oficialmente 1.600 metros, mas 300 metros não são considerados, conforme o Rotaer, manual que contém informações sobre as condições dos aeroportos para os pilotos.
O motivo principal são os obstáculos na área do aeroporto, especialmente um morro que dificulta a aproximação dos aviões e impossibilita pousos no início da cabeceira. O campo visual na descida é pequeno, e o toque das rodas em solo ocorre além dos 300 metros.
Esse aeroporto, bastante usado por helicópteros, não opera por instrumentos, só visualmente, por causa dos obstáculos, especialmente do morro, e também pelo risco de prejudicar a operação de Guarulhos, que tem intenso trânsito de aeronaves de grande porte, como Boeing e Airbus, inclusive de vôos internacionais.
"Ele [o Campo de Marte] tem sérias limitações", disse o diretor do Decea.

Critérios
O brigadeiro Ramon deu dois outros exemplos de segurança extra para autoridades. Um deles: o avião usado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o "Aerolula", não voa com um dos dois reversores travados, ao contrário do Airbus de empresas privadas.
O segundo exemplo: os Learjet 35 do GTE, além de não operarem no Campo de Marte, também não pousam nem decolam de outro aeroporto bastante movimentado: o Santos Dumont, no Rio de Janeiro.
O conjunto de dados considerados num vôo varia de operador para operador (o GTE é um deles) e inclui, entre outros, altitude da área, condições meteorológicas, temperatura local e os obstáculos ao redor.
É com base nesse conjunto que o piloto determina o peso do avião. Exemplo: um avião que sai do Galeão (RJ) pode decolar bastante pesado, pois está ao nível do mar e sobrevoa a água, sem obstáculos.


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