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Por segurança, FAB veta avião de ministro no aeroporto
A Aeronáutica alega ter regras mais rigorosas para as aeronaves de autoridades
Um dos motivos da proibição é que os jatos do governo não têm reversor, equipamento que auxilia a frenagem em pistas curtas
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
Apesar de liberado para jatos
Learjet 35 particulares, como o
que caiu no domingo, matando
oito pessoas, o aeroporto do
Campo de Marte, em São Paulo, é proibido para aeronaves
iguais às que a Aeronáutica usa
para transporte de ministros e
de outras autoridades federais.
"O Campo de Marte é vedado
para aviões que transportem
autoridades", disse ontem o
brigadeiro Ramon Borges Cardoso, diretor do Decea (Departamento de Controle de Espaço
Aéreo) da Aeronáutica.
Segundo ele, a explicação é
que "há um rigor maior [na segurança de vôo] para as autoridades", e os limites e parâmetros para permitir vôos e decolagens são mais restritivos.
A diferença entre o Learjet
que caiu e os oito do Grupo de
Transporte Especial (GTE) da
FAB (Força Aérea Brasileira),
em que voam os ministros, é
que o acidentado tinha reversor, e os militares, não.
O reversor é o equipamento
que ajuda a frenagem do avião e
é especialmente importante
em pistas curtas. Ele encarece e
aumenta o peso do avião.
O documento que proíbe os
Learjet do GTE de operar no
Campo de Marte é o PIMO
(Plano de Instrução e Manutenção Operacional) de 2007,
ao limitar seus pousos e decolagens a pistas com no mínimo
1.500 metros de comprimento.
A do Campo de Marte tem
oficialmente 1.600 metros, mas
300 metros não são considerados, conforme o Rotaer, manual que contém informações
sobre as condições dos aeroportos para os pilotos.
O motivo principal são os
obstáculos na área do aeroporto, especialmente um morro
que dificulta a aproximação dos
aviões e impossibilita pousos
no início da cabeceira. O campo
visual na descida é pequeno, e o
toque das rodas em solo ocorre
além dos 300 metros.
Esse aeroporto, bastante
usado por helicópteros, não
opera por instrumentos, só visualmente, por causa dos obstáculos, especialmente do morro, e também pelo risco de prejudicar a operação de Guarulhos, que tem intenso trânsito
de aeronaves de grande porte,
como Boeing e Airbus, inclusive de vôos internacionais.
"Ele [o Campo de Marte] tem
sérias limitações", disse o diretor do Decea.
Critérios
O brigadeiro Ramon deu dois
outros exemplos de segurança
extra para autoridades. Um deles: o avião usado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
o "Aerolula", não voa com um
dos dois reversores travados, ao
contrário do Airbus de empresas privadas.
O segundo exemplo: os Learjet 35 do GTE, além de não operarem no Campo de Marte,
também não pousam nem decolam de outro aeroporto bastante movimentado: o Santos
Dumont, no Rio de Janeiro.
O conjunto de dados considerados num vôo varia de operador para operador (o GTE é
um deles) e inclui, entre outros,
altitude da área, condições meteorológicas, temperatura local
e os obstáculos ao redor.
É com base nesse conjunto
que o piloto determina o peso
do avião. Exemplo: um avião
que sai do Galeão (RJ) pode decolar bastante pesado, pois está
ao nível do mar e sobrevoa a
água, sem obstáculos.
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