São Paulo, sexta-feira, 06 de novembro de 2009

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Estado veta poços artesianos na região de Santo Amaro

Por causa de contaminação química, DAEE vai restringir uso da água em Jurubatuba

Área na zona sul de SP vive expansão imobiliária; com restrição estadual, prédios não poderão perfurar terrenos para obter água

EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

Por causa da grave contaminação química de águas subterrâneas, o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) deverá proibir a perfuração de novos poços artesianos na região de Jurubatuba (Santo Amaro), na zona sul.
O local, que vive um boom imobiliário, tem ainda áreas onde o solo apresenta índices elevados de contaminação. Por conta disso, os novos empreendimentos são, por exemplo, proibidos de construir garagens no subsolo.
Uma área de 15 quilômetros quadrados ao redor do rio Jurubatuba, que engloba o shopping SP Market, o Santuário Nossa Senhora Mãe de Deus -Theotókos (antigo Terço Bizantino) e quarteirões inteiros com lançamentos de novos conjuntos residenciais, vai ser atingida pela resolução.
Com isso, o prédio não poderá perfurar o terreno para obtenção de água -muitas vezes usada para limpeza do edifício.
A minuta da decisão está pronta. Ela ainda precisa ser aprovada pelo órgão, antes de ser debatida com a sociedade.

Substâncias cancerígenas
"É uma região complicada para a exploração da água. Em 2005, nós fechamos 34 poços lá. Eles estavam contaminados com substâncias cancerígenas, com organoclorados", diz a engenheira civil Leila de Carvalho Gomes, diretora de outorga e fiscalização do DAEE.
O desenho geográfico da região que terá o uso da água do subsolo congelado surgiu de uma avaliação técnica feita pela empresa Servmar.
Os técnicos analisaram uma área de 120 quilômetros quadrados. No total, 513 poços artesianos foram avaliados. Segundo o estudo, ainda inédito, cerca de 15% das perfurações estavam comprometidas.
O governo afirma que todos os pontos com problema já foram desativados. A água é proibida para consumo humano, seja para escovar os dentes ou beber, e também para a fabricação de alimentos e remédios.
Pela minuta do DAEE, segundo Gomes, as restrições vão atingir uma área de 60 quilômetros. E, em alguns casos, poderão ser liberados poços só em áreas mais profundas. O lençol freático, porém, continuará não podendo ser usado.
Segundo geólogos, a água mais profunda é encontrada por volta dos 100 metros de profundidade.
A proibição da perfuração de novos poços em Santo Amaro não é inócua, segundo o DAEE. Ainda é usual indústrias recorrerem à perfuração do terreno para obtenção de água. Mesmo prédios residenciais usam esse artifício. Consumir toda a água da Sabesp pode custar mais.
A região de Jurubatuba, que estava sob suspeita faz quatro anos, entra definitivamente na lista de áreas sob alto risco muito por causa do seu histórico. Aquela parte de Santo Amaro sempre teve um uso industrial. As substâncias químicas que hoje contaminam a água no subsolo eram usadas para fazer o desengraxe das máquinas.


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