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Estado veta poços artesianos na região de Santo Amaro
Por causa de contaminação química, DAEE vai restringir uso da água em Jurubatuba
Área na zona sul de SP vive expansão imobiliária; com restrição estadual, prédios não poderão perfurar terrenos para obter água
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
Por causa da grave contaminação química de águas subterrâneas, o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica)
deverá proibir a perfuração de
novos poços artesianos na região de Jurubatuba (Santo
Amaro), na zona sul.
O local, que vive um boom
imobiliário, tem ainda áreas
onde o solo apresenta índices
elevados de contaminação. Por
conta disso, os novos empreendimentos são, por exemplo,
proibidos de construir garagens no subsolo.
Uma área de 15 quilômetros
quadrados ao redor do rio Jurubatuba, que engloba o shopping SP Market, o Santuário
Nossa Senhora Mãe de Deus
-Theotókos (antigo Terço Bizantino) e quarteirões inteiros
com lançamentos de novos
conjuntos residenciais, vai ser
atingida pela resolução.
Com isso, o prédio não poderá perfurar o terreno para obtenção de água -muitas vezes
usada para limpeza do edifício.
A minuta da decisão está
pronta. Ela ainda precisa ser
aprovada pelo órgão, antes de
ser debatida com a sociedade.
Substâncias cancerígenas
"É uma região complicada
para a exploração da água. Em
2005, nós fechamos 34 poços
lá. Eles estavam contaminados
com substâncias cancerígenas,
com organoclorados", diz a engenheira civil Leila de Carvalho
Gomes, diretora de outorga e
fiscalização do DAEE.
O desenho geográfico da região que terá o uso da água do
subsolo congelado surgiu de
uma avaliação técnica feita pela
empresa Servmar.
Os técnicos analisaram uma
área de 120 quilômetros quadrados. No total, 513 poços artesianos foram avaliados. Segundo o estudo, ainda inédito,
cerca de 15% das perfurações
estavam comprometidas.
O governo afirma que todos
os pontos com problema já foram desativados. A água é proibida para consumo humano,
seja para escovar os dentes ou
beber, e também para a fabricação de alimentos e remédios.
Pela minuta do DAEE, segundo Gomes, as restrições vão
atingir uma área de 60 quilômetros. E, em alguns casos, poderão ser liberados poços só em
áreas mais profundas. O lençol
freático, porém, continuará
não podendo ser usado.
Segundo geólogos, a água
mais profunda é encontrada
por volta dos 100 metros de
profundidade.
A proibição da perfuração de
novos poços em Santo Amaro
não é inócua, segundo o DAEE.
Ainda é usual indústrias recorrerem à perfuração do terreno
para obtenção de água. Mesmo
prédios residenciais usam esse
artifício. Consumir toda a água
da Sabesp pode custar mais.
A região de Jurubatuba, que
estava sob suspeita faz quatro
anos, entra definitivamente na
lista de áreas sob alto risco muito por causa do seu histórico.
Aquela parte de Santo Amaro
sempre teve um uso industrial.
As substâncias químicas que
hoje contaminam a água no
subsolo eram usadas para fazer
o desengraxe das máquinas.
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