São Paulo, quarta-feira, 06 de dezembro de 2000

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VIOLÊNCIA

Governo suspeita que recentes explosões tenham sido cometidas por um mesmo grupo e que policiais possam estar envolvidos
Polícia encontra mais 3 granadas no Rio

ANTONIO CARLOS DE FARIA
DA SUCURSAL DO RIO

O governo do Estado suspeita que três das cinco explosões recentes de granadas no Rio tenham sido cometidas por um mesmo grupo. Para investigar os casos, ontem foram designados os sete delegados da Draco (Delegacia de Repressão ao Crime Organizado).
As três explosões aconteceram contra prédios que abrigam instituições policiais nos últimos dias 22 de novembro, 1º e 4 de dezembro, na cidade do Rio.
Os atentados ocorreram entre o final da noite e a madrugada, sem deixar feridos, mas causando danos a veículos e instalações. O delegado titular da Draco, Romem José Vieira, que irá coordenar o trabalho, é conhecido pelas investigações que desbarataram uma quadrilha de assaltantes de classe média que agia na zona sul.
"Pelas características dos casos, achamos que pode estar havendo um trabalho coordenado. Tudo indica que pode ser o mesmo grupo que está agindo", disse o secretário da Segurança Pública, Josias Quintal.
Entre os suspeitos, o secretário inclui policiais que possam estar insatisfeitos com a política de segurança do Estado. "Este governo já afastou mais de 700 integrantes das Polícias Civil e Militar, e isso gera descontentamento."
Ontem, policiais militares encontraram mais três granadas na cidade, elevando o número de apreensões deste tipo de artefato para 246 neste ano.
As três granadas são do tipo M-4, artefato defensivo de uso exclusivo das Forças Armadas, com alto poder de destruição, capaz de matar pessoas que estejam a até 15 metros de distância.
Essas granadas, que foram encontradas em uma casa no morro do Chaves (zona norte), são semelhantes à que explodiu anteontem de madrugada em frente à 6ª Delegacia de Polícia, na Cidade Nova (região central). Segundo dados preliminares da Secretaria da Segurança, parte das granadas encontradas no Rio é originária de lotes de armamentos que foram exportados para o Paraguai.
Os armamentos teriam retornado ao país por meio de esquemas que envolvem contrabandistas e traficantes. Na semana passada, o secretário estadual da Segurança se reuniu com o secretário nacional da Segurança Pública, coronel Pedro Alvarenga, para discutir o início de investigações federais sobre esse tipo de crime.
Ainda não foi iniciada nenhuma investigação conjunta com o Comando Militar do Leste, apesar de o governador Anthony Garotinho ter afirmado que já se reuniu com o chefe do órgão, general Luiz Gonzaga Schoeder Lessa.


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