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Falta de informações provoca tumulto nos aeroportos
Em Brasília, passageiros promoveram um princípio de
quebra-quebra;
DA REPORTAGEM LOCAL
A falta de informações por
parte das companhias aéreas
para orientar os passageiros associado ao cancelamento das
partidas (exceto as da ponte aérea São Paulo-Rio) fez os aeroportos de Congonhas (zona sul
de São Paulo), de Confins (região metropolitana de Belo Horizonte) e de Brasília reviverem
ontem à noite as cenas de caos
do feriado prolongado de Finados, em novembro.
Por volta das 23h25, houve
um princípio
deixou o aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo)
intransitável ontem à noite.
A espera no aeroporto passou de 12 horas para alguns passageiros. Irritados, muitos deles discutiam com funcionários
da Gol e da TAM, as duas principais empresas a operar em
Congonhas.
Por volta das 22h20, a Polícia
Militar foi chamada para proteger o balcão da Gol, ameaçado
de invasão por parte dos passageiros. Nenhum incidente grave havia sido registrado até a
conclusão desta edição.
Os passageiros reclamavam
principalmente da dificuldade
de remarcar passagens e de obter reembolsos de transporte e
de hospedagem.
"É sacanagem. Já me fizeram
trocar de passagem e de fila,
mas nem previsão tem [para o
vôo sair]", disse a cabeleireira
Jovem Feitosa da Rocha, 42,
que, sem sapatos, brigava com
funcionários e afirmava estar
no aeroporto desde 7h. Ela seguiria para Brasília.
O aviso sobre o cancelamento das partidas ocorreu somente às 20h48, mais de uma hora
depois da entrada em vigor da
determinação da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Nas companhias aéreas, até o
aviso da Infraero, a informação
era vaga: os funcionários diziam apenas que os vôos não tinham hora para partir -mas
não afirmavam que tinham sido cancelados.
"Vou esperar. Não tenho como sair daqui. E se eles resolvem que o meu vôo vai sair?",
questionava, por volta das 20h,
a comerciante Manoela Gonçalves, 26, que, pelo horário original, embarcaria para Fortaleza às 21h.
Por volta das 22h30, dos 25
vôos listados no painel de Congonhas, apenas dois convocavam os passageiros a embarcar
-para Curitiba e Uberlândia.
Os demais orientavam os passageiros a procurar as companhias aéreas ou continham
simplesmente a informação
"atrasado".
A necessidade de remarcar as
passagens provocou filas imensas nos escritórios das empresas. Somente no da TAM, cerca
de 80 pessoas aguardavam
atendimento.
O médico Everton Oliveira ,
36, estava havia cerca de duas
horas na fila da TAM. "Tenho
uma audiência em Goiânia
amanhã e não posso faltar. Vou
ter que enfrentar 12 horas de
estrada."
Madrugada
A previsão era que o aeroporto funcionasse durante toda a
madrugada para receber os
vôos que estavam atrasados.
À noite, o site da Anac informava que, dos 1.241 vôos em todo o país, 350 tiveram atraso de
mais de uma hora e 67 foram
cancelados. Em Congonhas,
ainda segundo o site, os atrasos
somavam 38, de um total de
210 vôos.
A reportagem presenciou a
Gol colocando três passageiros
-dois idosos e uma mulher que
aparentava ser portadora de
câncer- atrás do balcão. Um
funcionário, que não quis se
identificar, disse que intenção
era tirar esses passageiros da
área de confusão. Um dos idosos, seu Laurindo, 78, tem
trombose. O filho dele, o empresário Flávio Potter, 46, disse
que o pai aguardava desde
15h45 o embarque. Só após as
23h, a Gol o encaminhou para a
área de embarque.
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