São Paulo, quarta-feira, 06 de dezembro de 2006

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Falta de informações provoca tumulto nos aeroportos

Em Brasília, passageiros promoveram um princípio de quebra-quebra;

DA REPORTAGEM LOCAL

A falta de informações por parte das companhias aéreas para orientar os passageiros associado ao cancelamento das partidas (exceto as da ponte aérea São Paulo-Rio) fez os aeroportos de Congonhas (zona sul de São Paulo), de Confins (região metropolitana de Belo Horizonte) e de Brasília reviverem ontem à noite as cenas de caos do feriado prolongado de Finados, em novembro.
Por volta das 23h25, houve um princípio

deixou o aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo) intransitável ontem à noite.
A espera no aeroporto passou de 12 horas para alguns passageiros. Irritados, muitos deles discutiam com funcionários da Gol e da TAM, as duas principais empresas a operar em Congonhas.
Por volta das 22h20, a Polícia Militar foi chamada para proteger o balcão da Gol, ameaçado de invasão por parte dos passageiros. Nenhum incidente grave havia sido registrado até a conclusão desta edição.
Os passageiros reclamavam principalmente da dificuldade de remarcar passagens e de obter reembolsos de transporte e de hospedagem.
"É sacanagem. Já me fizeram trocar de passagem e de fila, mas nem previsão tem [para o vôo sair]", disse a cabeleireira Jovem Feitosa da Rocha, 42, que, sem sapatos, brigava com funcionários e afirmava estar no aeroporto desde 7h. Ela seguiria para Brasília.
O aviso sobre o cancelamento das partidas ocorreu somente às 20h48, mais de uma hora depois da entrada em vigor da determinação da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Nas companhias aéreas, até o aviso da Infraero, a informação era vaga: os funcionários diziam apenas que os vôos não tinham hora para partir -mas não afirmavam que tinham sido cancelados.
"Vou esperar. Não tenho como sair daqui. E se eles resolvem que o meu vôo vai sair?", questionava, por volta das 20h, a comerciante Manoela Gonçalves, 26, que, pelo horário original, embarcaria para Fortaleza às 21h.
Por volta das 22h30, dos 25 vôos listados no painel de Congonhas, apenas dois convocavam os passageiros a embarcar -para Curitiba e Uberlândia. Os demais orientavam os passageiros a procurar as companhias aéreas ou continham simplesmente a informação "atrasado".
A necessidade de remarcar as passagens provocou filas imensas nos escritórios das empresas. Somente no da TAM, cerca de 80 pessoas aguardavam atendimento.
O médico Everton Oliveira , 36, estava havia cerca de duas horas na fila da TAM. "Tenho uma audiência em Goiânia amanhã e não posso faltar. Vou ter que enfrentar 12 horas de estrada."

Madrugada
A previsão era que o aeroporto funcionasse durante toda a madrugada para receber os vôos que estavam atrasados.
À noite, o site da Anac informava que, dos 1.241 vôos em todo o país, 350 tiveram atraso de mais de uma hora e 67 foram cancelados. Em Congonhas, ainda segundo o site, os atrasos somavam 38, de um total de 210 vôos.
A reportagem presenciou a Gol colocando três passageiros -dois idosos e uma mulher que aparentava ser portadora de câncer- atrás do balcão. Um funcionário, que não quis se identificar, disse que intenção era tirar esses passageiros da área de confusão. Um dos idosos, seu Laurindo, 78, tem trombose. O filho dele, o empresário Flávio Potter, 46, disse que o pai aguardava desde 15h45 o embarque. Só após as 23h, a Gol o encaminhou para a área de embarque.


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