São Paulo, quinta-feira, 06 de dezembro de 2007

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Ex-secretário diz que quadro é ruim, mas vai melhorar

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

De maneiras diferentes, o professor de pós-graduação em Educação da PUC-SP, Mario Sergio Cortella, aponta o "descaso" e a progressão continuada como causas para o mau desempenho do Brasil no ranking de educação feito pela OCDE.
Para o ex-secretário municipal de Educação de São Paulo (1991-92, no governo de Luiza Erundina), no entanto, agora começa uma curva ascendente. "Estamos prontos para decolar." (CINTHIA RODRIGUES)

 

FOLHA - O que o sr. acha do resultado do Pisa?
MARIO SERGIO CORTELLA -
Não surpreende. Temos uma educação ainda bastante precária. Haja vista que o Ministério da Educação tem apenas 77 anos.

FOLHA - Quais as razões?
CORTELLA -
A causa geral foi o descaso durante muitos anos. Faltou trabalho educacional, houve ausência de uma formação específica de professores de ciências e de matemática.

FOLHA - Os resultados não mostram uma catástrofe?
CORTELLA -
Estamos começando a reverter uma curva de queda e ascender. Desde a gestão Fernando Henrique -e agora com Lula- retomamos uma trajetória de melhoria que estava interrompida desde o início dos anos 60, antes da ditadura. Nos dois mandatos do FHC houve crescimento da estrutura de avaliação, preocupação com financiamento da educação fundamental. No primeiro governo Lula houve aumento da sistemática de avaliação e a criação do financiamento para educação básica. Agora, veio o PAC da educação. Acho que estamos começando a decolagem depois de um período de aquecimento.

FOLHA - Mas essa melhoria não aparece nas avaliações.
CORTELLA -
Nós pioramos porque temos agora uma avaliação mais refinada. Por exemplo, no regime de seriado [antes da progressão continuada, quando o aluno podia ser reprovado ao fim de cada ano], os alunos reprovados sucessivamente, saíam da escola. Se tivesse um Pisa, ele não faria e, portanto, não apareceria. Com as políticas atuais de permanência na escola, o efeito indireto e positivo é revelar os problemas que antes ficavam de fora.


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