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Ex-secretário diz que quadro é ruim, mas vai melhorar
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
De maneiras diferentes, o
professor de pós-graduação em
Educação da PUC-SP, Mario
Sergio Cortella, aponta o "descaso" e a progressão continuada como causas para o mau desempenho do Brasil no ranking
de educação feito pela OCDE.
Para o ex-secretário municipal
de Educação de São Paulo
(1991-92, no governo de Luiza
Erundina), no entanto, agora
começa uma curva ascendente.
"Estamos prontos para decolar."
(CINTHIA RODRIGUES)
FOLHA - O que o sr. acha do resultado do Pisa?
MARIO SERGIO CORTELLA - Não surpreende. Temos uma educação
ainda bastante precária. Haja
vista que o Ministério da Educação tem apenas 77 anos.
FOLHA - Quais as razões?
CORTELLA - A causa geral foi o
descaso durante muitos anos.
Faltou trabalho educacional,
houve ausência de uma formação específica de professores de
ciências e de matemática.
FOLHA - Os resultados não mostram uma catástrofe?
CORTELLA - Estamos começando
a reverter uma curva de queda e
ascender. Desde a gestão Fernando Henrique -e agora com
Lula- retomamos uma trajetória de melhoria que estava interrompida desde o início dos
anos 60, antes da ditadura. Nos
dois mandatos do FHC houve
crescimento da estrutura de
avaliação, preocupação com financiamento da educação fundamental. No primeiro governo Lula houve aumento da sistemática de avaliação e a criação do financiamento para educação básica. Agora, veio o PAC
da educação. Acho que estamos
começando a decolagem depois
de um período de aquecimento.
FOLHA - Mas essa melhoria não
aparece nas avaliações.
CORTELLA - Nós pioramos porque temos agora uma avaliação
mais refinada. Por exemplo, no
regime de seriado [antes da
progressão continuada, quando o aluno podia ser reprovado
ao fim de cada ano], os alunos
reprovados sucessivamente,
saíam da escola. Se tivesse um
Pisa, ele não faria e, portanto,
não apareceria. Com as políticas atuais de permanência na
escola, o efeito indireto e positivo é revelar os problemas que
antes ficavam de fora.
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