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Passagem em Congonhas subirá, dizem empresas
Companhias aprovam plano de Jobim, mas afirmam que aeroporto ficará "elitizado"
Alguns especialistas no setor aéreo concordam que medidas acarretarão mais custos para companhias e, por isso, bilhetes mais caros
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Após reunião ontem com o
ministro Nelson Jobim (Defesa), as empresas aéreas declararam apoio aos planos do governo de elevar tarifas aeroportuárias e indenizar passageiros por
atrasos, mas alertaram que
Congonhas se tornará um aeroporto "elitizado", com passagens mais caras devido aos custos de operação.
Ex-executivo da Gol e hoje
presidente da TAM, David Barione Neto foi eleito o porta-voz do grupo de dez empresários e representantes do setor.
Ao sair, afirmou que "concorda
com todas as medidas", mas
evitou falar sobre o aumento
nas passagens em São Paulo.
Já o Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aéreas) ressaltou que o aumento das taxas
que as empresas pagam para
usar Congonhas ou estacionar
em Guarulhos irão afetar os
preços dos bilhetes.
"As tarifas e taxas vão fazer
com que Congonhas seja elitizado, com passagens mais caras", disse Anchieta Helcias, secretário-geral do Snea.
Alguns especialistas no setor
aéreo ouvidos pela Folha concordam que as medidas acarretarão mais custos para as companhias e, conseqüentemente,
passagens mais caras.
O Procon informou que só
comentará as medidas quando
forem implementadas.
Para Respicio Antonio do Espirito Santo Júnior, presidente
do Instituto Brasileiro de Estudos Estratégicos e de Políticas
Públicas em Transporte Aéreo,
a principal dificuldade, com relação às punições em caso de
atrasos, é precisar de quem é a
responsabilidade.
"O governo se esquece que a
malha de uma empresa aérea é
toda interconectada. Um atraso em um determinado aeroporto tem como conseqüência
atrasos em outros aeroportos, e
é complicado determinar onde
o problema começou", disse.
Para um consultor especializado, que prefere não ser identificado, as medidas equivalem
a aumentar o IPVA "em
1.000%" para resolver o problema do tráfego em São Paulo.
Ou seja, o pacote agiria só nas
conseqüências dos problemas:
o controle de tráfego aéreo e
infra-estrutura aeroportuária.
O consultor Paulo Bittencourt Sampaio aprovou o pacote. "Isso [o risco de aumento do
preço dos bilhetes] é uma
ameaça das companhias para
tentar reverter a situação."
As medidas
Anteontem, o ministro Jobim anunciou dois projetos para aumentar a eficiência do setor e reduzir atrasos nos vôos.
O primeiro é a criação de um
sistema de compensação para
os passageiros para atrasos acima de 30 minutos de responsabilidade da empresa. O cliente
receberá créditos ou "milhas"
para novos bilhetes, conforme
a demora que enfrentou. Esse
projeto será objeto de medida
provisória a ser editada pelo
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva antes do Natal.
"Quando for editada, vamos
nos adequar e obedecer a lei",
disse Barione.
Apesar da disposição de cumprimento imediato, o governo
avalia que o sistema talvez só
vigore em 2008.
Segundo Helcias, o sistema
de compensação não terá impacto nas passagens. Ele avaliou que as empresas não serão
fortemente afetadas, já que o
setor acusa a Infraero e a Aeronáutica pelos atrasos. "Antes da
crise no setor, o índice de regularidade era 96% e o de pontualidade, 94%", afirmou.
O governo pretende divulgar
até a semana que vem formas
de punir Infraero e FAB por
atrasos causados por falhas ou
deficiências nos aeroportos ou
no controle de tráfego aéreo.
O segundo projeto do governo visa aumentar as tarifas de
pouso em Congonhas em até
16.000 % para operações que
levem mais de 45 minutos no
pátio. Concomitantemente, a
taxa de estadia em Guarulhos
subiria 5.200% para aviões estacionados por mais de três horas, com objetivo de liberar vagas no pátio e direcionar vôos
internacionais para o Galeão,
no Rio. Essas medidas são para
março e passarão por consulta
pública e possíveis alterações.
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