São Paulo, sábado, 06 de dezembro de 2008

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Não é fácil construir escolas, diz secretária

Maria Helena afirma que não há vagas na rede estadual para ampliar a jornada dos alunos por conta da inclusão de novas disciplinas

Secretária ainda diz que a rede escolar não tem número suficiente de professores de sociologia para atender à demanda

DA REPORTAGEM LOCAL

A secretária da Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro, afirma que não é viável aumentar a jornada escolar do ensino médio no curto prazo para acomodar as novas disciplinas. Para a secretária, que é socióloga formada na Unicamp, a inclusão de matérias por meio de leis deixa o currículo "deformado". (FÁBIO TAKAHASHI)

 

FOLHA - Em vez de substituir disciplinas, por que o Estado não aumenta a jornada dos alunos?
MARIA HELENA GUIMARÃES DE CASTRO
- Isso não é viável no curto prazo. A jornada no ensino médio é de cinco horas e vinte minutos. O turno da manhã quase emenda com o da tarde, que quase emenda com o da noite.
Em países onde a jornada passa das seis horas, como a França, os estudantes entram às 9h e saem só depois das 15h, é praticamente um turno só.
Não temos vagas para isso.

FOLHA - O problema não se resolveria com construção de escolas?
MARIA HELENA
- Não se constrói escolas para dois milhões de alunos da noite para o dia. Mas podemos pensar em ampliação da jornada no médio prazo.

FOLHA - A rede possui número suficiente de professores de sociologia para atender à nova demanda?
MARIA HELENA
- Não. Temos hoje 127 efetivos na rede, creio que precisaremos de uns 800 aproximadamente. Estamos com um concurso aberto para temporários.
Pretendemos abrir concurso para efetivos, mas esse processo demora cerca de sete meses. A lei foi sancionada em junho. Tivemos de correr para definir a organização do currículo, o que será dado. Não deu tempo para fazer o concurso.

FOLHA - E o que ocorrerá com os professores de história, disciplina que será reduzida em 2009?
MARIA HELENA
- Hoje temos um déficit, trabalhamos com temporários. Com a mudança, esse número diminuirá.

FOLHA - O que a sra. acha de incluir disciplinas por meio de leis?
MARIA HELENA
- Acho complicado. Cada hora é uma coisa para colocar. É sociologia, filosofia, música. Me parece que tramitam outras propostas, como empreendedorismo. O currículo fica deformado.

FOLHA - E o que a sra. acha da lei que incluiu a sociologia?
MARIA HELENA
- A sociologia traz uma visão de problemas sociais, que podem ajudar o aluno a entender a história, por exemplo, e a melhorar a relação dele com a sociedade.
Na nossa proposta, haverá desde temas mais conceituais, com o uso de textos clássicos, até aspectos como a organização política brasileira.


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